Bhutto assassinada: e agora? - TVI

Bhutto assassinada: e agora?

Benazir Bhutto  foi assassinada a 27 de Dezembro de 2007 (Foto Lusa/EPA)

General Loureiro dos Santos traça cenários para o Paquistão pós-Bhutto. Líder da oposição e ex-primeira-ministro foi atingida a tiro. Logo depois, uma bomba explodiu Bancos, escolas e comércio encerrados Bhutto morre num comício eleitoral Benazir Bhutto (perfil)

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Quais os cenários e as soluções políticas possíveis para o Paquistão pós-Benazir Bhutto? Poucas horas depois da morte da líder da oposição as autoridades estão em estado de alerta, com registo de violência em diversas cidades do país. Para o General Loureiro dos Santos, o primeiro passo é impedir que a instabilidade tome conta das ruas. O perigo da fragmentação do território em termos geográficos e políticos existe, com a ameaça de um arsenal nuclear que poderá ficar fora de controlo.

Em conversa com o PortugalDiário, o especialista em questões de política internacional considerou que «ainda é muito cedo para fazer previsões sobre o que vai acontecer no Paquistão», mas arriscou alguns dos cenários.

Para já, parece improvável, segundo o militar, que as eleições se realizem na data prevista. «Terá de haver um adiamento», defendeu, admitindo que a morte da candidata às eleições de 8 de Janeiro era uma das «piores coisas» que poderia acontecido ao país nesta altura. «Ela era uma democrata, tinha do lado dela a população mais qualificada e uma visão para o Paquistão», considerou. «O partido dela [Partido Popular do Paquistão (PPP)], ficou decapitado e não se vislumbram alternativas internas».

De um golpe de estado à continuação de Musharraf

Sem Bhutto na corrida eleitoral, «ficam apenas o grupo de partidos extremistas e o partido de Pervez Musharraf [actual presidente]» e ainda um problema da «instabilidade social», que terá de ser travado para que o país deslize para uma situação incontrolável.

Num primeiro cenário, com a popularidade do chefe de Estado em baixa, o analista diz a dificuldade deste em lidar com a volatilidade do caso poderá mesmo traduzir-se num golpe de Estado. «Tenho dúvidas se Musharraf terá capacidade para liderar o exército nestas condições. Podemos inclusive assistir a que o actual chefe militar, para garantir unidade nacional, tenha que tomar o poder, declarar o estado de emergência e depor Musharraf. Pode haver um golpe de Estado», admitiu.

Para Loureiro dos Santos, outra solução seria que as eleições pudessem ser realizadas. E nessa altura, colocar-se-iam dois cenários: a «vitória dos extremistas», que «seria a situação mais complicada», ou a de Musharraf. «Esta seria, apesar de tudo, a melhor solução», argumentou.

Perigo de «implosão» do país

A ascensão dos extremistas ao poder, coloca, para o analista, problemas não só internos - de que não exclui a «implosão do próprio Paquistão» ou a sua cisão - como externos, com a Al Qaeda e os rebeldes afegãos a estender a sua zona de influência, de forma especial na zona tribal do país.

O equilíbrio tenso na região da Caxemira, que divide Índia e Paquistão, também poderia sair de controlo, com o agravante dos dois países deterem arsenais nucleares.

Para Loureiro dos Santos, o mais importante é «impedir que a situação evolua para um extremismo difícil de controlar». Neste contexto, a «conjugação de forças de todas as potências internacionais para uma acção concertada» é fundamental, lançando um apelo às forças políticas paquistanesas para evitarem a «agitação e à turbulência».
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