Comboio humanitário russo a caminho da Ucrânia - TVI

Comboio humanitário russo a caminho da Ucrânia

Kiev denuncia tentativa russa de entrada no país, algo que seria considerado como «invasão»

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Um comboio humanitário russo, composto por 280 camiões carregados com duas toneladas de mantimentos e equipamentos, saiu esta terça-feira de manhã de Naro-Fominsk rumo ao Leste da Ucrânia, informam as autoridades da cidade satélite de Moscovo.

A saída do comboio humanitário acontece na mesma altura em que o porta-voz militar da Ucrânia faz saber que a ajuda humanitária não será permitida no país até que a Cruz Vermelha Internacional estabeleça as necessidades da região no período de uma semana, noticia a agência Reuters.

Também em declarações à Reuters, uma responsável da Cruz Vermelha Valery Chaly refere que a carga russa será entregue junto à fronteira e depois transferida pela Cruz Vermelha para outros veículos, mas um comunicado do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros não faz nenhuma referência a essa condição.

O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse esta terça-feira que o comboio humanitário que está a caminho do Leste da Ucrânia iria atravessar a fronteira sob a égide da Cruz Vermelha. «Depois da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia ser cruzada, a coluna prosseguirá sob a égide do Cruz Vermelha Internacional», lê-se num comunicado citado pela Reuters.

Um responsável da administração da região de Moscovo, citado pela agência Ria Novosti, explica que «o comboio vai levar aos habitantes do Leste da Ucrânia cerca de duas mil toneladas de material humanitário, recolhido por habitantes de Moscovo e arredores».

A ajuda humanitária, que é transportada em 280 camiões, inclui 400 toneladas de cereais, 100 toneladas de açúcar, 62 toneladas de alimentos para crianças, 54 toneladas de remédios, 12 mil sacos-cama e 69 geradores elétricos.

Ocidente teme invasão sob forma de «ajuda humanitária

O presidente da Rússia anunciou, na segunda-feira, o envio do comboio humanitário para socorrer a população do leste da Ucrânia. Vladimir Putin fez o anúncio durante uma conversa por telefone com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, afirmou no mesmo dia que o país chegou a um consenso com as autoridades ucranianas sobre o fornecimento da assistência e pediu que o Ocidente não impeça o processo. Ainda de acordo com Lavrov, a ação de ajuda humanitária é efetuada sob a liderança da Cruz Vermelha. Para o ministro russo, a postura sustentada por Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha de que é desnecessária a ajuda humanitária ao leste da Ucrânia «chegou ao máximo da desvergonha».

O Governo de Kiev, assim como os EUA e a União Europeia, temem que o projeto sirva de pretexto para uma invasão russa em território ucraniano. De acordo com o Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, toda a missão humanitária internacional deve excluir qualquer tipo de presença militar e a ajuda deve entrar em território ucraniano através dos postos fronteiriços controlados por Kiev, sendo depois escoltada pelas forças governamentais.

A notícia de que Moscovo participa numa missão humanitária sem escolta militar para socorrer a população de Lugansk, uma das cidades-bastiões dos separatistas do Leste da Ucrânia, em cooperação com a Cruz Vermelha Internacional e tem luz verde do Presidente ucraniano, desde que nela participem elementos de outros países, como os EUA ou da União Europeia, é surpreendente e cheia de contradições. Isto quando se sabe que estão concentrados junto à fronteira com a Ucrânia 45 mil militares russos, e o Presidente ucraniano disse a Barack Obama que o país continua a ser bombardeado a partir do lado de lá da fronteira.
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