Detida por causa de um peluche chamado Maomé - TVI

Detida por causa de um peluche chamado Maomé

  • Portugal Diário
  • 26 nov 2007, 17:18

Sudão: alunos escolheram o nome, professora foi acusada de blasfémia

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Uma professora do ensino básico britânica foi detida no Sudão e acusada de blasfémia por ter permitido que os seus alunos chamassem Maomé a um urso de peluche, o nome do fundador da religião islâmica, noticia o jornal The Guardian. O caso aconteceu ontem, depois de um grupo de pais ter dirigido uma queixa ao Ministério da Educação sudanês contra a docente.

Segundo a publicação britânica, Gillian Gibbons, de 54 anos, ensina na escola britânica Unity, situada na capital do Sudão, Cartum, cujo director já anunciou o seu encerramento temporário, até Janeiro, por razões de segurança.

Robert Boulos confirmou que a professora da instituição que dirige foi acusada de blasfémia, um crime que no Sudão - um país predominantemente islâmico - pode ser punido com uma pena de prisão até três meses e uma multa.

Em declarações à agência Reuters, os professores da instituição manifestaram alguma preocupação pela sua segurança, depois de muitas pessoas se terem reunido junto da escola no momento em que a docente foi detida.

O director da Unity explicou que a professora estava a ensinar uma parte do currículo escolar referente à vida animal, a crianças de sete anos a quem pediu que dessem nome a um urso de peluche, o animal que estava a ser estudado.

«Eles sugeriram oito nomes entre eles Adullah, Hassan e Maomé. Então ela explicou o que significava votar e pediu-lhes para eles escolherem um nome», contou Boulos, explicando que 20 das 23 crianças escolheram o último.

Cada criança tinha direito a ficar com o brinquedo durante um fim-de-semana, em que lhe era pedido que escrevesse o que havia feito com o boneco, para que ficasse registado num diário com a fotografia do urso na capa ao lado da inscrição: «O meu nome é Maomé».

O director disse que soube do caso na semana passada, depois de ter recebido um telefonema do Ministério da Educação, dando conta da existência de várias queixas por parte dos pais.

Robert Boulos garantiu que a professora nunca teve qualquer intenção de insultar a religião islâmica e que tudo se tratou de um «erro inocente».

O Sudão é um país onde a maior parte da população é islâmica, sendo que apenas 5 por cento dos seus habitantes são cristãos.

A escola Unity, fundada em 1902, é gerida por um quadro em que estão representadas as diversas confissões cristãs presentes no país, mas é frequentada também por crianças muçulmanas, com idades que variam entre os 4 e os 18 anos.
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