Nobel da Literatura: Academia critica «ignorância» americana

A poucos dias do anúncio do Prémio Nobel da Literatura 2008, o secretário permanente da Academia Sueca, Horace Engdahl, afirmou que os Estados Unidos estão demasiado isolados para competir com a literatura europeia, informa a agência Lusa.

Em entrevista à Associated Press, Horace Egdahl disse que «a Europa continua a ser o centro da literatura mundial» e que os Estados Unidos estão «demasiado isolados» e «não participam no grande diálogo da literatura». «Essa ignorância é limitadora», lamentou o responsável.

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Na sua opinião, não é de todo uma coincidência que a Academia Sueca tenha premiado sobretudo autores europeus: «É claro que há uma literatura possante em todas as grandes culturas, mas não podemos negar o facto de que é a Europa continua a ser o centro da literatura, não os Estados Unidos».

Desde 1993, quando a escritora Toni Morrison recebeu o prémio, que os Estados Unidos não vêem um autor ser distinguido com o Nobel da Litertura, apesar de Philip Roth e Joyce Carol Oates estarem anualmente entre os favoritos.

Depois de Toni Morrison, grande parte dos premiados é da Europa, entre os quais o irlandês Seamus Heaney (1995), o italiano Dario Fo (1997), o português José Saramago (1998), o húngaro Imre Kertész (2002), a austríaca Elfriede Jelinek (2004) e a britânica Doris Lessing (2007).

Entre os autores norte-americanos distinguidos com o Nobel da Literatura contam-se William Faulkner (1949), Ernest Hemingway (1954) e John Steinbeck (1962).

No entender de Horace Egdahl, a Europa tem ainda a vantagem de ser um porto de abrigo seguro para escritores de outras nacionalidades. «Muitos autores que têm raízes noutros países trabalham na Europa, porque é o único local onde podem estar sós e escrever, sem serem espancados até à morte. É perigoso ser escritor em alguns locais da Ásia e de África», reconheceu o secretário.

A Academia Sueca começa a divulgar os premiados em diferentes áreas, da medicina à economia, a partir de segunda-feira.

O Nobel da Literatura é o único que não tem data fixa de anúncio, sabendo-se apenas que o premiado receberá o galardão, no valor de cerca de 1,1 milhões de euros, a 1 de Dezembro em Estocolmo.