Investigador de Cambridge acusa Facebook de querer fazer dele um “bode expiatório” - TVI

Investigador de Cambridge acusa Facebook de querer fazer dele um “bode expiatório”

Aleksandr Kogan

Aleksandr Kogan, autor da aplicação que está no centro do escândalo de usurpação de dados, diz-se chocado e assegura que agiu dentro da legalidade

O psicólogo moldavo Aleksandr Kogan, investigador da Universidade de Cambridge que criou a aplicação thisisyourdigitallife (“esta é sua vida digital”, em português) que está no centro da polémica da usurpação de dados envolvendo o Facebook, acusa a rede de Mark Zuckerberg de querer fazer dele “um bode expiatório”. Em entrevistas à CNN e à BBC, Aleksandr Kogan assegura que sempre agiu dentro da legalidade.

À BBC, Kogan confirma que cooperou com a Cambridge Analytica, mas garante que não fazia ideia que a aplicação e os dados recolhidos seriam usados na campanha eleitoral de Donald Trump. Aleksandr Kogan diz que a intenção era que os dados fosse usados para analisar o comportamento humano através da utilização das redes sociais.

Já o Facebook acusa o investigador de violar as políticas de privacidade da rede social. Kogan diz-se “chocado” com as acusações.

Os eventos dos últimos dias foram um autêntico murro no estômago. O que eu penso é que estou a ser usado como bode expiatório pelo Facebook e pela Cambridge Analytics, quando… pensávamos que estávamos a fazer algo perfeitamente normal. Foi-nos garantido pela Cambridge Analytics de que tudo seria feito dentro da maior legalidade e dentro dos termos de serviço.”

Ainda na entrevista à BBC, Kogan diz que seguiu sempre as orientações da Cambridge Analytica e que nunca teve “razões para duvidar”que estaria a violar qualquer política do Facebook.

O meu grande erro foi não ter feito perguntas suficientes.”

Numa outra entrevista, desta feita à CNN, Kogan disse que os colaborqadores da Cambridge Analytica com quem contactou lhe asseguraram que estavam todos a agir dentro das normas impostas pelo Facebook.

À CNN, Aleksandr Kogan reconheceu que, em 2014, recolheu dados de 30 milhões de americanos e que os entregou à Cambridge Analytica, que viria mais tarde a trabalhar com a campanha de Donald Trump.

Quando, em 2015, o Facebook soube do uso dos dados, pediu que fossem apagados, justificando que a venda ou transferência dos mesmos ia contra a política de privacidade da rede social.

Kogan disse ainda à CNN que suspeita que milhares de outros investigadores usaram métodos semelhantes ao seu para recolher dados dos utilizadores do Facebook.

Quem é Aleksandr Kogan?

Aleksandr Kogan tem 32 anos. Nasceu na Moldávia e viveu em Moscovo até aos sete anos, altura em que se mudou para os Estados Unidos. Estudou na Universidade da Califórnia e em Hong Kong, antes de entrar para a Universidade de Cambridge como investigador na área da psicologia e da psicometria.

De acordo com o jornal Observer, Kogan terá também tido ligações a uma universidade russa, onde desempenhou as funções de professor e de investigador na área das redes sociais.

Este dado até agora não revelado está a levantar dúvidas, depois da polémica sobre a usurpação de dados, por causa das alegadas influências russas na eleição de Donald Trump e, sobretudo, também por causa de supostas ligações da Cambridge Analytica a uma empresa russa com ligações ao Kremlin. Parece, aparentemente, ajudar a compor uma espécie de teia de ligação que vai sempre parar aos mesmos protagonistas.

Aleksandr Kogan é proprietário de uma empresa, a Global Science Research (que está por detrás da aplicação thisisyourdigitallife). O agora investigador da Universidade de Cambridge desenvolveu o teste de personalidade para o Facebook, que terá levado à colecta de dados de 270 mil utilizadores e dos amigos desses utilizadores na rede social. Uma base de dados que pode ascender a 50 milhões de pessoas.

 

Continue a ler esta notícia

Mais Vistos

EM DESTAQUE