«A vontade de viver é mais forte» - TVI

«A vontade de viver é mais forte»

Tsunami (Arquivo)

Presidente da AMI diz que marcas do tsunami quase desapareceram

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Há três anos, o mar invadiu a terra no sudeste asiático. Mais de 226 mil pessoas morreram e milhares ficaram feridas, algumas estão mesmo incapacitadas. O Sri Lanka foi um dos países mais afectados e por isso, dois dias depois do tsunami, a AMI chegava ao país. Três anos depois, «voltou à situação em que estava antes do tsunami porque a vontade de viver é mais forte do que o efeito do tsunami», explica Fernando Nobre, presidente da AMI. O responsável visita frequentemente o país e garante que «quem for hoje ao Sri Lanka, dificilmente percebe os efeitos do tsunami».

As ondas gigantes atingiram «uma área de cerca de 100 metros em quase toda a orla costeira. As casas de betão resistiram, mas as barracas dos pescadores e as habitações de tijolos ficaram totalmente destruídas» e não há sequer vestígios. «A orla marítima está quase limpa agora», adiantou. Os hotéis já estão recuperados e o país está preparado para o turismo, o problema é que, a acalmia na guerra civil que ocorreu após o tsunami, também terminou».

As pequenas aldeias de pescadores começam também a ser reconstruídas, mas, apesar do susto, o medo do mar não parece estar instalado. «As pessoas continuam a construir as barracas em cima da praia, apesar de o Governo desaconselhar. O problema é que não tinham as propriedades registadas e por isso, temem que se saírem daquele local, lhes digam que não tinham terras».

33 mil mortos e 4 mil desaparecidos

«A maioria dos habitantes retomou as suas vidas, as suas prioridades e as suas vidas antes do tsunami», explica Fernando Nobre. Mais difíceis de curar são as marcas nos familiares das 33 mil pessoas que perderam a vida no tsunami e nos que, tendo a sorte de sobreviver, ficaram feridos ou incapacitados. O presidente da AMI diz que «em 19 milhões de habitantes, apenas uma pequena parte da população foi afectada, mas essa não esquece o dia 26 de Dezembro de 2004».

«Hoje nos templos das várias religiões que existem no país (a maioria é budista, mas também há católicos, muçulmanos e hindus) há cerimónias para recordar as vítimas», explica o presidente da AMI.

Mas mesmo estas demonstrações já não têm a dimensão que tinham. «Neste dia, é costume porem fitas brancas nos cemitérios. Nos primeiros anos eram imensas, agora nota-se cada vez menos».

«Um país com muitas desigualdades»

Fernando Nobre descreve o Sri Lanka como «um país sub-desenvolvido com muitas desigualdades onde as enormes riquezas convivem com a pobreza extrema. A maior potencialidade é o turismo, mas o sector é afectado pela insegurança da guerra civil».

O responsável adianta que «a comunidade internacional já esqueceu os países afectados pelo tsunami» e não tem dúvidas em afirmar que, «se não houvesse cerca de cinco mil vítimas ocidentais» a tragédia que atingiu o sudeste asiático «não teria tido tanta projecção».
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