Espanha: «Há indícios claros» de atentado

A operação que levou à detenção de três alegados membros da organização terrorista Al Qaeda, em Espanha, foi a maior investigação alguma fez feita em Espanha. A informação foi adiantada pelo ministro do Interior espanhol, Fernández Díaz, que disse esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que os três detidos poderiam estar a planear um atentado em Espanha ou na Europa.

«Há indícios claros na investigação de que os detidos poderiam estar a planear um atentado em Espanha e ou em outros países da Europa», disse. «Um dos detidos, membro operacional da Al Qaeda, é muito importante na estrutura do grupo terrorista a nível internacional», esclareceu.

«Esta operação confirma que estamos numa ameaça global contra o mundo ocidental», sustentou, acrescentado que os explosivos encontrados em Cádis seriam suficientes para destruir um autocarro.

«A quantidade de explosivos apreendidos, especialmente lesiva se adicionarmos os estilhaços, poderia destruir um autocarro todo», adiantou o ministro.

A operação resultou de colaborações com serviços secretos de vários países, onde haverá ramificações. «Não posso adiantar mais», disse o ministro do Interior.

Os detidos na Cidade Real, de origem de Leste, presumivelmente chechenos, são operacionais da rede terrorista, enquanto o detido turco em Cádis é um facilitador, informou ainda o ministro.

O indivíduo turco foi detido na cidade de La Línea de La Concepción, localizada na fronteira com Gibraltar, em Cádis. As autoridades encontraram-no na casa onde residia com a esposa, uma mulher marroquina, onde se estavam alguns explosivos. O ministro disse que estavam também outras pessoas na casa.

Este alegado terrorista trabalhava em Gibraltar e cruzava a fronteira diariamente.

Já os suspeitos chechenos foram travados pelas autoridades num parque de estacionamento em Valdepeñas, Castilla-La Mancha, na zona de descanso de um autocarro onde seguiam em direção a Irún, no País Basco. Os homens, que não traziam documentos consigo, ofereceram resistência ao serem interceptados pelo GEO (Grupo Especial de Operações).

O ministro do Interior assinala que os detidos na Cidade Real estavam em Espanha há dois meses. Viajavam desde Cádis para Irún de autocarro, mas tinham intenção de abandonar o país. Anteriores informações davam conta de que estariam a caminho de França.

«A sua detenção precipitou-se quando se teve conhecimento que os detidos pretendiam sair de Espanha», afirmou Fernández Díaz. O ministro adiantou que os operacionais da Al Qaeda pertencem a «repúblicas euroasiáticas e são extremanente perigosos».

De acordo com informações do «El País», os suspeitos terão ligações à célula da Al Qaeda denominada LET (Lashkar-e-Taiba, que significa exército dos puros), responsável pelo atentado em Bombaim, ocorrido em 2008, onde morreram 170 pessoas. Após a detenção de um dos implicados neste atentado na Índia, Sayed Zabiuddin, a imprensa indiana estabelecia relações entre o grupo LET e a Al Qaeda, informa o «El País».

Esta é a primeira vez que são detidos em Espanha presumíveis membros da rede terrorista com explosivos.