O procurador responsável pelos tribunais militares extraordinários norte-americanos encarregues do julgamento dos suspeitos de terrorismo detidos em Guantanamo demitiu-se na quinta-feira, em conflito com a hierarquia, noticia a edição on-line do Wall Street Journal.
«Se alguém acima de mim tenta intimidar-me para decidir no meu lugar quem vamos acusar, quem é o acusador? Quais os elementos de prova a introduzir e como lidar com o processo? É por tudo isso que vou demitir-me», afirma o coronel Morris Davis, numa carta citada pelo jornal norte-americano.
O jornal adianta que o militar encarregue dos tribunais militares extraordinários ficou particularmente irritado face aos esforços da tutela militar para negociar confissões com alguns dos detidos, evitando o recurso a julgamento.
Contactado pela agência AFP, o Pentágono não comentou os factos relatados pelo Wall Street Journal.
Davis foi nomeado em 2005 para o cargo e era tido como um fervoroso apoiante dos tribunais militares extraordinários.
Na base militar norte-americana de Guantanamo, em Cuba, estão detidos alegados membros da al-Qaeda.
Na semana passada, o mesmo jornal noticiava a existência de tensões entre Davis e a autoridade militar dos tribunais.
Até agora, o único processo a transitar nos tribunais foi o do australiano David Hicks, condenado a nove meses de prisão por apoio a actividades terroristas, depois de se confessar culpado.
Para 08 de Novembro está previsto o julgamento de Omar Khadr, de nacionalidade canadiana e acusado de assassinar um soldado norte-americano em 2002 no Afeganistão, quando tinha cerca de 15 anos.
Guantanamo: procurador demitiu-se
- Portugal Diário
- 6 out 2007, 11:02
Responsável pelos tribunais militares extraordinários em conflito com a hierarquia
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