«Um cão detecta o que quisermos» - TVI

«Um cão detecta o que quisermos»

Buscas com cães

Portugal tem dois animais treinados para encontrar cadáveres, mas foi preciso ir buscar outros dois em Inglaterra para encontrar vestígios de sangue no apartamento da Praia da Luz. Perceba porquê

As equipas cinotécnicas da GNR dispõem de dois cães especialmente treinados para marcarem cadáveres e que foram usados na Praia da Luz, nos dias seguintes ao desaparecimento de Madeleine MacCann. Mas a confirmar-se a informação de que Maddie morreu (ou foi morta) no apartamento do Ocean Club, os cães da GNR nunca teriam detectado porque apenas estão treinados para marcarem cadáveres e não os vestígios destes, nomeadamente, odor e sangue.

A situação mais frequente é a do idoso que desaparece de um lar, por exemplo, e que mais tarde é encontrado já sem vida. «Estes cães conseguem localizar o cadáver, mas não estão treinados para detectar o odor ou o sangue nos locais onde o corpo não se encontra», explicou ao PortugalDiário, o adjunto do comandante da Companhia cinotécnica da GNR, tenente Tiago Costa Pinto.

Assim sendo, os cães-pisteiros usados pela GNR nunca conseguiriam detectar os vestígios no quarto do aldeamento Ocean Club, mesmo que Maddie ali tivesse permanecido algum tempo já sem vida.

Quando tomou conhecimento de que equipas cinotécnicas britânicas estavam a efectuar buscas na Praia da Luz com recurso a cães especialmente treinados na marcação de vestígios de cadáveres, o tenente Tiago Costa Pinto pediu à GNR para enviar também equipas para o local. «Eu próprio pedi para enviar homens ao local. Fomos acompanhar e ver como se faz», adiantou este responsável ao PortugalDiário.

Os cães em questão conseguem detectar vestígios hemáticos, sangue e odor de um cadáver, ao fim de três meses? «Um cão marca (detecta) o que nós quisermos, desde que seja treinado», explicou a mesma fonte.

Um animal habituado a marcar sangue ou odor de cadáver consegue perfeitamente encontrar vestígios de sangue «três meses depois e até mais». Tudo depende da preparação dos animais. «Colocam-se as situações mais complicadas possível, desvirtuando intencionalmente as recolhas, e se o cão continua a responder positivamente é porque é fiável».

Portugal não tem cães que marquem vestígios como sangue «porque nunca sentimos necessidade disso. Mas se tal acontecer, facilmente treinamos os cães para o efeito», explicou. «Temos privilegiado a utilização de cães de busca e salvamento que marcam vivos. Numa operação de salvamento interessa-nos que detectem os vivos», precisou Costa Pinto.

Segundo o «Jornal de Notícias» e o «Correio da Manhã» Maddie terá morrido por acidente ou por causas violentas ainda no interior do apartamento que ocupava no Ocean Club. Os cães-pisteiros usados nos últimos dias terão detectado vestígios de sangue nas paredes do quarto. As recolhas foram enviadas para o Instituto Nacional de Medicina Legal para verificar se correspondem ao ADN de Maddie.
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