Médico com HIV pode ter de mudar de especialidade - TVI

Médico com HIV pode ter de mudar de especialidade

  • Portugal Diário
  • 18 out 2007, 10:52

Bastonário diz que o risco de contágio é «praticamente inexistente»

O bastonário da Ordem dos Médicos considerou esta quinta-feira «praticamente inexistente» o risco de contágio de um cirurgião seropositivo para os seus doentes, estando contudo ainda em avaliação na instituição qual o risco real, noticia a Lusa.

O jornal «Público» noticia hoje que foi detectada seropositividade ao VIH a um cirurgião a exercer funções num hospital público português, que poderá ser obrigado a mudar de especialidade se ficar provado que a sua actividade constitui risco para os doentes.

O bastonário Pedro Nunes considerou que «o risco de contágio do doente ao médico é muito maior do que no sentido inverso», mas sublinhou que o caso ainda está em análise nos colégios de especialidade da Ordem.

«Temos de saber qual é o risco real de contágio, só depois disso será tomada uma decisão», acrescentou.

Para Pedro Nunes, o contágio pela seropositividade deve ser visto nos dois sentidos: os doentes com HIV têm direito a ser tratados e os médicos não se podem recusar, havendo sistemas para evitar o contágio dos médicos.

«Se nos blocos operatórios é possível evitar o contágio do médico, porque é que no sentido contrário o médico deve deixar de trabalhar», questionou o bastonário, ressalvando no entanto que a posição da Ordem ainda não está definida.

Apesar de não querer manifestar posições concretas, o responsável considera que há duas grandes questões que devem ser colocadas na análise deste caso: que tipo de actos trazem risco acrescido de contágio e «qual o risco real que deve levar um médico portador de VIH a ser discriminado».

Pedro Nunes considerou ainda que as pessoas podem estar «perfeitamente descansadas» em relação às suas cirurgias, até porque «há sistemas para evitar o contágio no bloco operatório».

Risco muito baixo mas existe

Segundo o jornal Público, neste caso, o primeiro caso do género conhecido em Portugal, o cirurgião soube que era seropositivo através da Medicina do Trabalho.

Foi o próprio médico do Trabalho que comunicou à direcção clínica e à administração do hospital em causa o caso.

O jornal adianta ainda que os pareceres existentes até agora dizem que o risco de contágio de doentes é muito baixo, mas existe.

«O risco médico de transmissão de VIH de um cirurgião a um doente por acidente percutâneo durante procedimento invasivo é de 2,4 a 24 por milhão», refere o parecer do Centro de Direito Biomédico de Coimbra.
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