Presas, escravizadas e exploradas

Mais de 220 milhões de crianças com menos de 18 anos são, no mundo actual, vítimas de abuso sexual ou de violência física. Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) são referidos no Estudo sobre a Violência contra as Crianças, apresentado, esta quarta-feira, pelo secretário-geral das Nações Unidas.

O trabalho elaborado desde 2003 compila dados de várias Organizações Não Governamentais (ONG) e simultaneamente de 135 Estados Membros. O estudo pretende determinar a natureza e amplitude da violência na família, na escola, nos institutos, no local de trabalho, na comunidade e na rua.

As conclusões remetem para uma prevalência de violência contra crianças em todas as sociedades e categorias sociais. A extrema violência é geralmente a mais noticiada. No entanto, os pequenos actos são também frequentes e igualmente destruidores.

As Nações Unidas destacam a falta de dados para que seja possível perceber a verdadeira dimensão do problema. Contudo, 73 milhões de rapazes (7 por cento), com menos de 18 anos, foram já agredidos. As raparigas são o alvo principal de agressões com mais de 150 milhões de casos (14 por cento).

5,7 milhões em regime de servidão

Segundo o relatório cerca de 275 milhões de crianças assistem a cenas de violência doméstica. Um inquérito em países sobretudo desenvolvidos mostrou que 36 por cento das mulheres e 29 por cento dos homens foram vítimas de abusos durante a infância.

Uma outra forma de violência é a exercida no trabalho. Estima-se que 218 milhões de menores estejam a trabalhar, sendo que 126 milhões estão sujeitos a trabalho perigoso e 5,7 milhões fazem trabalhos em regime de servidão.

A exploração sexual é outra das formas de violência sobre as crianças que continua sem controlo e que assume nova expressão com as novas tecnologias, como a Internet.

Segundo o relatório cerca de 1,8 milhões de crianças prostituíam-se ou eram exploradas para fins pornográficos. Associada a esta exploração está o tráfico de menores que atingirá 1,2 milhões de crianças.

Só no ano de 2000, a OMS estima que 53 mil crianças foram assassinadas. O risco de homicídio é maior para os rapazes que têm entre 15 e 17 anos e para as crianças dos 0 aos quatro anos.

Em todo o mundo há notícia de que um milhão de crianças esteja detida pelas autoridades. Na maioria dos casos por um delito menor ou por não irem à escola.