Clima como tendências extremas em Portugal - TVI

Clima como tendências extremas em Portugal

  • Portugal Diário
  • 23 jan 2007, 14:00

Relatório do Instituto de Meteorologia divulgado hoje

O Relatório Climático de 2006 confirma a tendência para a ocorrência em Portugal de situações extremas, como neve onde não é costume, ondas de calor ou temperaturas mínimas abaixo do normal, anunciou hoje o Instituto de Meteorologia (IM), citado pela Lusa.

Segundo o relatório climático do IM hoje divulgado, verifica-se uma maior frequência nos últimos anos de fenómenos extremos relacionados com o clima, como indica o próprio facto de Portugal continental ter registado em 2006 uma temperatura média superior à global.

Entre as situações climáticas extremas ocorridas no país nos últimos anos contam-se «queda de neve em locais onde habitualmente não neva, temperaturas mínimas inferiores aos valores normais e ondas de calor com noites tropicais con secutivas», refere uma nota do IM.

Entre os fenómenos climáticos mais relevantes do ano transacto contam-se queda de neve no dia 29 de Janeiro nas regiões do litoral e de baixa altitude, temperaturas mínimas em Janeiro e Fevereiro inferiores aos valores médios, por vezes muito baixos, e ainda cinco ondas de calor entre 24 de Maio e 09 de Setembro.

O ano de 2006 foi ainda aquele em que se verificou maior sequência de noites tropicais e em que foram batidos os recordes dos valores de quantidade de precipitação em algumas regiões do país.

Segundo o relatório, a anomalia da temperatura média do ar no país em 2006 foi superior a 1,05ºC em relação ao valor médio do período de referência (19 61-1990).

Este aumento de 1ºC foi inclusivamente superior ao aumento verificado à escala global, que se situou em 0,42ºC acima do valor médio do período de referência, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial.

O ano 2006 em Portugal Continental ficou ainda marcado por ter sido o quinto mais quente e ter tido o quinto Verão mais quente desde 1931.

O Outono foi nesse ano o terceiro mais chuvoso e mais quente desde 1931 , tendo registado o valor mais alto da média da temperatura mínima dos últimos 76 anos.

À margem de um encontro sobre alterações climáticas, um especialista no assunto, Filipe Duarte Santos, afirmou segunda-feira à agência Lusa que «a temperatura média global em Portugal pode aumentar dois a quatro graus até ao fim do século e a precipitação reduzir 100 a 150 milímetros».

O aumento das temperaturas vai ter impacto sobre a qualidade da água, devido à absorção das cargas poluentes, e sobre a procura, já que com menos chuva será também menor a disponibilidade.

Entre as medidas de adaptação às alterações climáticas, Filipe Duarte Santos aponta a necessidade de «gerir a água de modo a que, em situações de seca, não se verifiquem rupturas no abastecimento».
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