Miguel Sousa Tavares: os pobres da NATO, as escutas que nem a PIDE fazia e o DCIAP que não devia existir - TVI

Miguel Sousa Tavares: os pobres da NATO, as escutas que nem a PIDE fazia e o DCIAP que não devia existir

  • CNN Portugal
  • CM
  • 20 jun, 23:29

No seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional, 5.º Coluna, o comentador da TVI/CNN analisa os temas da semana

Miguel Sousa Tavares não tem dúvidas de que as Forças Armadas portuguesas estão "completamente depauperadas", mas que é preciso olhar para o problema de forma diferente da que tem sido feita.

"Portugal tem de pensar muito bem quais são as missões que quer cumprir, se for de vigilância aérea, de defesa do território, das 200 milhas, e ao mesmo tempo ser um país importante na NATO e termos o armamento de ponta da NATO. Digo já que é impossível, o país não tem meios para isso", defendeu o comentador da TVI/CNN, no seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional, 5.ª Coluna.

Miguel Sousa Tavares diz que as missões nacionais são essenciais para a segurança do país, como a patrulha das nossas águas, por ar e mar, e que temos de pensar se queremos ter os nossos pouco meios no Báltico ou no Mediterrâneo a competir com países ricos da Aliança, quando há algo que podemos oferecer que mais nenhum aliado europeu tem.

"O que é que podemos dar à NATO? Aquilo que dávamos no passado, território, bases no Atlântico Norte, nos Açores, que deixaram de querer, mas hão-de voltar a querer um dia, a base de Beja que não era NATO mas era Alemanha e a Alemanha é um país importante da NATO, é isso que podemos dar, a nossa localização geográfica", justificou, considerando que "temos de deixar de nos armar aos ricos e pensar de facto o que podemos dar à NATO de diferente".

Escutas, PIDE e "vigilância política"

A demissão da procuradora-geral da República, Lucília Gago, e a extinção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) deviam ser medidas imediatas a tomar pelo Presidente da República, defendeu Miguel Sousa Tavares, depois de terem sido reveladas mais escutas no âmbito do processo Influencer, que voltam a visar o antigo primeiro-ministro António Costa, e que "não têm relevância criminal".

"Hoje em dia o grande método de investigação criminal são as escutas telefónicas, ao ponto de termos visto que João Galamba é investigado durante quatro anos sem saber porquê, nem o Ministério Público sabe, mas a gravidade é que as escutas têm de ser autorizadas por um juiz mediante uma justificação do MP e são renovadas de três em três meses. O juiz de instrução fez 16 renovações de escutas a João Galamba, 16! É caso para perguntar o que é que ele estava à procura", criticou. 

Para Miguel Sousa Tavares, se as escutas não têm relevância para a investigação, "não se entende porque estão armazenadas, a menos que em vez de investigar estejamos a fazer vigilância política". "É uma devassa", sublinhou.

"50 anos depois 25 de Abril, estamos a fazer muito mais escutas do que a PIDE fazia, com muito menos justificações que a PIDE fazia num regime ditador. Isto é uma vergonha", insistiu.

Porque "perdemos por completo o controlo", há quatro coisas a fazer no entender de Miguel Sousa Tavares. "A primeira coisa a fazer é que Lucília Gago fosse demitida pelo Presidente da República; que o Presidente se impusesse porque está em causa o estado de direito e a separação de poderes; extinguir o DCIAP; e a quarta é acabar com a composição maioritária dos magistrados do MP no Conselho Superior de Magistratura, como propôs Rui Rio."

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