Coimbra: contestação ao novo traçado do IC2 - TVI

Coimbra: contestação ao novo traçado do IC2

Proposta do Governo cria nova travessia sobre o Mondego e um viaduto sobre a mata do Choupal

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O projecto do novo traçado do IC2 em Coimbra, que obriga a nova travessia do Mondego e um viaduto sobre a mata do Choupal, foi quinta-feira à noite contestado numa sessão que reuniu várias dezenas de pessoas, refere a Lusa.

O traçado proposto pelo Governo para o IC2, ligando o nó do Almegue, em Coimbra, a Oliveira de Azeméis, considera, sem alternativa, a construção de uma ponte de 910 metros sobre o rio Mondego, nas proximidades da Mata Nacional do Choupal, assim como um viaduto de 85 metros sobre a ribeira dos Fornos.

Numa sessão de esclarecimento promovida pelo Movimento Plataforma do Choupal, o biólogo Jorge Paiva classificou de «resolução impensável uma nova ponte sobre o Choupal» e acusou o poder político de «não pensar na saúde pública nem nas gerações futuras».

Salientando que a sociedade actual é «economicista e não pensa no futuro», o biólogo afirmou que a mata do Choupal «é a maior fábrica de oxigénio e de despoluição da cidade» de Coimbra e que os políticos desvalorizam estes factos.

«Os políticos mundiais não tiveram educação ambiental nem a implementaram», acusou o ambientalista, numa intervenção em que focou a necessidade de proteger o meio ambiente como garante da manutenção das condições de existência para o ser humano.

O Provedor do Ambiente de Coimbra, Massano Cardoso, lamentou, por seu lado, que o estudo de impacte ambiental não «tenha apresentado alternativas».

«Só este facto deveria ser motivo para a sua não aprovação», afirmou.

Segundo o catedrático de medicina da Universidade de Coimbra, os impactos negativos serão «muito significativos e permanentes» numa zona que «faz parte da alma de Coimbra».

Uma travessia naquela zona, refere Massano Cardoso, terá um impacto visual e estético «muito negativo» com aumento acentuado do ruído e da poluição atmosférica, «aspectos que deveriam ser levados em conta».

O provedor do Ambiente recordou que o próprio estudo reconhece os impactos e lamentou que «os normativos legais não sirvam para nada, apenas para ser usados como pró-forma».

«Não vale andar a brincar aos estudos de impacte ambiental se estes não são respeitados e as construções se fazem de acordo com decisões estratégicas», sublinhou.

Massano Cardoso criticou ainda a tentativa do Ministério do Ambiente de «desvalorizar» a Mata Nacional do Choupal ao considerá-la um parque urbano, que se apresenta «em degradação».

«Será que também a Mata do Buçaco é um parque urbano?», questionou, salientando ainda que se a Mata Nacional do Choupal está em degradação a responsabilidade «é de quem é sua proprietária», neste caso o Estado.

Na sessão de esclarecimento, o arquitecto Luís Sousa apresentou um traçado para que afaste o trânsito pesado da cidade e evite a construção de nova ponte, através do aproveitamento do traçado do futuro IC3, entre Tomar e Coimbra, e a A1.

Luís Sousa entende que deve haver uma «grande argola à volta de Coimbra, tendo o rio ao meio, como elemento agregador», de maneira a que o trânsito que não se destina à cidade não tenha de a atravessar e as pontes da Rainha Santa Isabel e Açude sejam vedadas às viaturas pesadas, funcionando apenas como circular externa.
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