Enviado da ONU já está em Myanmar - TVI

Enviado da ONU já está em Myanmar

  • Portugal Diário
  • 29 set 2007, 15:59

Dezenas de pessoas foram detidas. Monges estão em greve de fome

O enviado especial da ONU chegou esta manhã a Myanmar para tentar negociar com os militares uma solução política para a crise das últimas semanas. Ibrahim Gambari está em Rangum, onde espera poder reunir-se com a líder da oposição Aung san Suu Kyi, que se encontra em prisão domiciliária há vários anos.

Nas ruas da capital da antiga Birmânia a situação continua tensa e instável. As forças de segurança deram tiros e lançaram bombas de gás lacrimogéneo para dispersar um protesto de cerca de duas mil pessoas. Esta manhã, dezenas de manifestantes foram detidos. É o quarto dia consecutivo de manifestações que foram iniciadas pelos monges budistas do país mas a que se juntaram gradualmente outros membros da população civil.

Para evitar novos protestos, a Junta Militar isolou o centro de Rangum com arame farpado. As comunicações foram cortadas para que os confrontos não tenham visibilidade nacional e internacional, mas, na Europa, já há quem se manifeste contra a situação que o país vive. Em Londres, dezenas de pessoas concentraram-se frente à embaixada da antiga Birmânia, para criticar o apoio chinês ao regime militar.

O dirigente máximo dos budistas de Hong-Kong, Sik Kok Kwong, também condenou a repressão exercida pela Junta Militar, afirmando que os responsáveis por isso irão «para o inferno mais profundo».

«Para os budistas, disparar contra monges inocentes é como derramar sangue de Buda. Os responsáveis por isso irão para o inferno de Avici», afirmou Kok Kwong, referindo-se à violenta repressão das manifestações públicas contra o regime ditatorial birmanês.

O inferno de Avici é, segundo a crença budista, o de maior sofrimento e destina-se a quem cometer os piores dos crimes aos olhos de Buda, como parricidas ou suicidas, que segundo esta religião têm muito poucas probabilidades de reencarnar.

Monges em greve de fome

Cerca de 30 monges budistas, entre os mais de mil presos, entraram em greve de fome em protesto contra a violência usada pelo regime militar contra os manifestantes que pedem democracia. Segundo a rádio birmanesa, citada pela agência EFE, os monges começaram o protesto este sábado, animados pelos salmos budistas dos companheiros.

Os religiosos, levados para a prisão de Bamaw, no oeste do país, foram detidos na primeira onda de prisões efectuadas pelo Governo, que no dia 25 impôs toque de recolher e a proibiu reuniões públicas.

Na quinta-feira, as forças de segurança prenderam mais de 800 monges numa operação nos mosteiros de Rangum.

Desde quarta-feira, pelo menos 16 pessoas morreram, entre elas dois estrangeiros, e cerca de 200 ficaram feridas durante a operação militar para acabar com os confrontos.
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