Quando os motards vão dar a Faro

Até ao próximo domingo a GNR vai dar um especial enfoque à fiscalização dos motociclistas que circularem na Via Infante (A22), Estrada Nacional 125 e IC1, no âmbito da 26ª Concentração Internacional de Motos em Faro, disse fonte oficial à Lusa.

«São diversos postos de fiscalização rodoviária ao longo destes próximos dias e incide particularmente nos veículos de duas rodas, mas também vamos fiscalizar outros veículos», disse a Brigada Territorial.

A 26º Concentração Internacional de Motos arrancou esta quinta-feira em Faro, termina domingo e a organização estima que se desloquem à aldeia dos motociclistas, junto ao Parque Natural da Ria Formosa, cerca de 40 mil pessoas.

Motorhead, Xutos e Pontapés, Rui Veloso, Blasted Mechanism, Joe Cocker ou Pedro Abrunhosa são só alguns nomes da música portuguesa e internacional que vêm animar as noites dos "cowboys do asfalto"».

Quando todos os motards vão dar a Faro

João Pedro Fonseca, para Lusa

São dezenas de motociclos a entrar ao minuto. Novos, velhos, crianças, apetrechados, exuberantes, simples, descuidados, ricos, pobres. . . Em comum apenas uma coisa: o espírito motard, o gosto pelas motos, a vontade de reencontrar amigos.

Passando o aeroporto de Faro, os homens da GNR apontam o caminho para o recinto. Tudo organizado, um pavilhão de inscrições, moto estacionada, obtida a fita da inscrição (40 euros) há que procurar um local para a instalação da tenda.

Logo à entrada do recinto, um hospital de campanha. Não se passa nada. Têm recebido muita gente? «Não se passa nada. . . tranquilos a apanhar sol», antecipa-se João, «o Mentiroso», um dos dirigentes do Motoclube de Faro, sentado ao lado do pessoal médico.

Um "motão" entra pelo espaço do hospital de campanha, João apita, «moto lá fora», o espanhol sai com a moto, volta queixando-se de um problema na vista, um enfermeiro guia-o para o interior das instalações.

Uma carrinha da Associação de Planeamento Familiar mostra apelos para que os motociclistas façam um teste rápido do HIV/Sida.

A jovem que está à porta explica que estão lá todos os anos, e sempre vão fazendo algum trabalho de aconselhamento junto dos jovens. Preservativos? «Sim, aparecem alguns a pedir, mas não muitos porque temos pessoal por todo o recinto a distribuir».

A zona comercial é uma autêntica feira: há de tudo, desde artesanato, t-shirts, tatuagens, piercings e inúmeras bancas de venda de apetrechos para as motos.

Não faltam os bares de comes e bebes, que vendem tudo muito barato: a cerveja a 65 cêntimos, sandes a dois euros.

Este ano a organização ampliou a zona de exposições de motos: «Chopers», «custom», «streetfighters».

Fotos atrás de fotos

Os participantes esgotam as memórias dos telemóveis com fotos atrás de fotos.

De tantos em tantos minutos ouve-se um bruar, som de espanto perante motociclos deslumbrantes que vão entrando no recinto. E há mesmo exemplares distintíssimos, mostrando grande imaginação, como uma com uma espécie de mastro com dois metros de altura, carregadinha de caveiras.

A população no recinto é marcadamente masculina.

Vêem-se muitos grupos de homens, famílias, muitos casais e, raramente, grupinhos de mulheres.

Duas mulheres vestidas de preto observam o recinto. Ana Sofia tem 18 anos e desmente que o mundo das motos seja masculino: «Não é verdade, eu sou uma prova disso, tal como a minha mãe». Ana Sofia foi pela primeira vez à concentração de motos, mas sonha há anos com este feito.

Juntou-se a família, cada um com a sua moto e partiram de Beja para Faro. O sonho de Sofia realizou-se, e aquilo que hoje estava a ver era o que esperava. Se bem que o momento alto, diz, vai ser quando os grupos musicais subirem ao palco.