«Finalmente! Finalmente damos o nosso primeiro concerto em Portugal como cabeças de cartaz», afirmava com satisfação Troy Sanders durante a entrevista ao IOL Música na tarde deste domingo. O baixista (e um dos vocalistas de serviço) dos Mastodon não poderia ter acertado melhor na palavra que definia a vontade dos fãs portugueses.
Finalmente a banda norte-americana estreou-se em nome próprio no nosso país este domingo depois de várias participações em festivais de Verão ao longo dos últimos anos.
O Coliseu dos Recreios, em Lisboa, foi a sala perfeita para receber um dos maiores valores do metal da actualidade. O recinto esteve longe de encher, mas ainda assim houve público em número e entusiasmo suficientes para impressionar os próprios Mastodon, que no final da hora e meia de um concerto «sempre a abrir» elogiaram a energia dos fãs. «Foi o melhor concerto da digressão até agora», fez questão de dizer o baterista Brann Dailor.
Com o novo álbum, «The Hunter», interpretado quase na íntegra (só quatro das 13 faixas ficaram de fora), a banda de Atlanta mostrou que as novas canções foram definitivamente feitas para serem tocadas ao vivo. Desde o arranque com «Dry Bone Valley» e com a poderosa «Black Tongue», passando pela frenética «Blasteroid», até a um dos pontos altos da noite com os riffs de abertura do single «Curl of the Burl» a serem acompanhados por cânticos vindos da plateia.
Bem presentes no alinhamento estiveram também álbuns como «Blood Mountain», de 2006, e «Leviathan», de 2004, não fossem quase obrigatórias as passagens por «Crystal Skull», «Capillarian Crest», «Colony of Birchmen», «Megalodon» e «Iron Tusk».
Tecnicamente irrepreensíveis instrumentalmente (é delicioso acompanhar o tricotar de solos entre as guitarras de Brent Hinds e Bill Kelliher, e a precisão e ritmo de Brann na bateria), os Mastodon conseguiram também uma mais do que razoável prestação nas vozes, claramente o ponto mais fraco da banda fora do estúdio, mas que no coliseu pareceu correr bem melhor do que em anteriores actuações em Portugal.
E se o poder furioso de «Spectrelight» ou a trovejante «Where Strides the Behemoth» marcaram pontos na zona do mosh pit, a leveza etérea de «Sleeping Giant», «Ghost of Karelia» e «Crack The Skye» não foi menos aplaudida por um público que percebe que o metal nem sempre tem de ser brutal para ter qualidade.
E foi precisamente entre esses dois extremos que, já no encore, houve tempo para uma «Blood And Thunder» para deitar a casa abaixo antes da despedida final, em jeito de comunhão entre a banda e os fãs, com «Creature Lives». Letra cantada por todos, em palco (com a ajuda dos Red Fang, que actuaram na primeira parte do concerto) e na plateia, como se de um cântico de heróis se tratasse.
Numa noite em que a música falou pelos Mastodon, Brann acabou por deixar a promessa no final do espectáculo: «Vemo-nos no Verão!». Já Troy foi um pouco mais específico durante a entrevista ao IOL Música e revelou mesmo que o regresso da banda a Portugal acontecerá «num festival em Maio». O Rock in Rio Lisboa será assim o destino quase certo da próxima actuação dos Mastodon em Portugal. Cá os esperamos!
Alinhamento do concerto:
1. Dry Bone Valley
2. Black Tongue
3. Crystal Skull
4. I Am Ahab
5. Capillarian Crest
6. Colony of Birchmen
7. Megalodon
8. Thickening
9. Blasteroid
10. Sleeping Giant
11. Ghost of Karelia
12. All the Heavy Lifting
13. Spectrelight
14. Curl of the Burl
15. Bedazzled Fingernails
16. Circle of Cysquatch
17. Aqua Dementia
18. Crack the Skye
19. Where Strides the Behemoth
20. Iron Tusk
21. March of the Fire Ants
Encore:
22. Blood and Thunder
23. Creature Lives
Mastodon em grande forma no Coliseu de Lisboa
- João Silva
- 23 jan 2012, 03:16
Banda norte-americana apresentou o novo álbum, «The Hunter», e prometeu regressar a Portugal para os festivais
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