A tradição, o pós-rock e o pós-like dos Laia - TVI

A tradição, o pós-rock e o pós-like dos Laia

  • João Silva
  • Manuel Lino (imagem) e Luís Silva (edição de imagem)
  • 2 mai 2012, 11:19

Pedro Trigueiro e Alexandre Bernardo falaram ao IOL Música sobre o segundo álbum do grupo, «Sogra»

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Música tradicional portuguesa e pós-rock podem parecer à partida dois mundos distintos, mas surgem aqui ligados através dos Laia. «Sogra» é o nome do segundo disco de uma banda que parte dos ensinamentos do passado para olhar para o Portugal dos dias de hoje.

«Estamos num sítio em Belém onde há muitas garagens de muitas bandas e esse é o Portugal de hoje: de rock, de hip hop, de kuduro... Há de tudo um pouco. O "Sogra" foi mais ou menos ir buscar esse tipo de ensinamento [do passado], ir buscar à "mãe", à raiz, para fazermos algo agora», explicou ao IOL Música Pedro Trigueiro, baixista e também um dos homens encarregues dos bombos e das vozes nas canções dos Laia.

O disco abre com A Encomendação das Almas, um cantar tradicional português de origem medieval. Alexandre Bernardo, a outra metade do núcleo duro do projeto, «descobriu» o tema num encontro de cantares em São Miguel de Ache, em Idanha-a-Nova.

«Eram as terras todas a cantar a "Encomendação das Almas", mas cada uma à sua maneira. E depois apanhei esta, que é melódica e mórbida, era exatamente o que andávamos à procura», disse o músico sobre o tema de «métrica complicadíssima».

Entre as 11 faixas do álbum encontramos a versão de «Lembra-me Um Sonho Lindo», tema que recebeu a bênção do autor, Fausto Bordalo Dias.

«Eram cerca das sete da manhã e [o Fausto] só bate assim na [minha] perna e diz: "Está aprovado"», recorda Pedro Trigueiro.

«A bênção do Fausto não é só no "Lembra-me Um Sonho Lindo", que já de si é poético o título da canção, mas o homem anda sempre aqui à nossa volta - é um bocado [como dizer]: "Thank you, master!"

Mas os agradecimentos pela inspiração não ficaram por aqui. Em «Sogra», os Laia contaram com a guitarra portuguesa de Ricardo Parreira e com o contrabaixo de Pedro Gonçalves, dos Dead Combo.

«Laia se existe hoje, e outras bandas que conseguem misturar este tipo de universos que aparentemente eram distantes, deve-se muito aos Dead Combo. Eles são geniais naquilo que fizeram e têm uma coisa [especial]: a naturalidade com que aquilo lhes sai. E isso é algo com que nos identificamos desde a primeira hora», afirmou Trigueiro.

O próximo concerto de apresentação do disco acontece a 12 de maio em Portimão e, se não houver surpresas, os Laia até já sabem que tipo de público vão encontrar.

«São igualmente pessoas tímidas e discretas - não pertencem a lado nenhum. E o que fazem é mandar mensagens de Facebook ou Myspace, coisas muito privadas tipo: "Eu não quero manifestar-me muito publicamente, quero só dizer-vos que isto está do cacete"», contou o baixista e letrista dos Laia.

«Na página [do Facebook] é só likes, não há comentários», brincou Alexandre Bernardo. «É um pós-like, em vez de ser pós-rock», respondeu Pedro Trigueiro.
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