Buraka Som Sistema e a «celebração da vida» com «Komba» - TVI

Buraka Som Sistema e a «celebração da vida» com «Komba»

Entrevista: grupo fala sobre o novo álbum de estúdio e esclarece que «kuduro progressivo» não passou de uma brincadeira

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«Komba» - ritual angolano de tributo aos mortos e o título do novo álbum dos Buraka Som Sistema. Em entrevista ao IOL Música, Kalaf, um dos MCs do grupo, destacou o simbolismo da expressão num disco feito para «celebrar a vida».

«Obviamente que queríamos pegar não pelo lado mórbido da coisa, mas sim pelo lado festivo da celebração e achamos que a melhor festa das nossas vidas não deve acontecer quando morremos - deve acontecer agora enquanto estamos vivos - e convidamos toda a gente a celebrar e a viver intensamente cada dia como se fosse o último», contou Kalaf.

No regresso às gravações, e depois de uma pausa de seis meses, o grupo rumou a sul, vivendo em conjunto durante quatro semanas numa casa em Monchique.

«A coisa mais emocionante que havia para fazer era ir jogar bilhar num bar. Isso deu-nos a clareza de espírito para passarmos 12 horas por dia [focados no disco]», recordou o DJ e produtor J-Wow.

«Há músicas, como o "Hypnotized", o "Eskeleto" ou o "Vem Curtir", em que toda a parte instrumental ficou 90 por cento feita nessas quatro semanas», revelou.

O resultado final mostra uns Buraka cada vez mais afastados do kuduro progressivo, rótulo que a própria banda inventou por brincadeira.

«[Kuduro progressivo] fomos nós que inventámos sem querer e acabou por tornar-se numa etiqueta», esclareceu Conductor. Para o MC, «Komba» é «uma continuação» do trabalho feito nos discos anteriores, mas que parte para novas direcções: «Há muitas pessoas que me dizem que não notam tanto o kuduro no disco. Para mim estamos a chegar mais perto de um som [com a marca] Buraka Som Sistema».

O novo disco é apresentado através dos singles «(We Stay Up) All Night» e «Hangover (Bababa)» e conta com as participações de Sara Tavares, Terry Lynn, Mixhell, Bomba Estereo e Afrikan Boy, entre outros convidados.

Entre as 12 faixas, destaque ainda para «Lol & Pop», uma resposta a quem criticou êxitos como «Yah» ou «Kalemba (Wegue Wegue)».

«É uma crítica para aquelas pessoas que viram o "Yah" na televisão duas vezes e acham que Buraka Som Sistema é só o "Yah"», disse Riot, DJ e produtor.

J-Wow admitiu que «é fácil pegar nessas expressões "fónico-percussivas"» que a banda usa em várias músicas e «atacar» o trabalho dos Buraka, mas respondeu de forma clara: «Nós fazêmo-lo com uma consciência total daquilo que estamos a fazer e é uma coisa super intencional».

«Komba» já está nas lojas e os coliseus de Lisboa e do Porto recebem os Buraka nos dias 10 e 19 de Novembro naquela que será a maior produção de palco da banda portuguesa. Ainda não há convidados especiais anunciados, mas ao quarteto que forma o núcleo duro dos Buraka Som Sistema juntar-se-ão certamente o baterista Fred Ferreira e a vocalista Blaya.
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