White Lies: «Gostávamos de trabalhar em ideias mais abstractas»

Depois de tomarem de assalto o top de vendas britânico com o disco de estreia, em 2009, os londrinos White Lies lançam agora o seu segundo longa duração. «Ritual», nas lojas desde o início da semana, foi gravado com Alan Moulder, um dos mais consagrados produtores britânicos de rock alternativo, responsável por álbuns dos Nine Inch Nails, Depeche Mode e Smashing Pumpkins.

Ao telefone desde Londres, o baixista Charles Cave falou ao IOL Música sobre a importância de Moulder no novo disco, vídeos que cruzam o filme «E.T.» com barras de chocolate gigantes e a vontade da banda em seguir caminhos mais experimentalistas.

O Alan Moulder foi o homem certo para alcançarem a atmosfera electrónica presente em «Ritual»?

Sim, acho que os elementos electrónicos neste álbum são bastante agressivos, com muita distorção, mais na linha da electrónica industrial. E o Alan construiu a sua reputação pelo trabalho realizado com os Nine Inch Nails, mas também com o som das guitarras nos My Bloody Valentine e Smashing Pumpkins.

Para este álbum, o Alan foi exactamente a pessoa que precisávamos e foi um prazer imenso trabalhar com ele. É um tipo impecável e muito profissional, completamente relaxado, e deixa toda a gente entusiasmada por estar a gravar um disco.

A decisão de procurar uma sonoridade mais rica, e até épica em algumas canções, foi tomada de forma consciente?

Honestamente não tínhamos nenhuma intenção em particular, apenas seguimos os nossos instintos criativos. Não tomámos nenhuma decisão intelectual em fazer isto ou aquilo. Só tentámos divertirmo-nos e seguir o que nos parecia bem na altura.



Como surgiu a ideia para o vídeo do single «Bigger Than Us»? Juntam alusões ao filme «E.T.» e meninas presas dentro de barras de chocolate gigantes...

A ideia foi de dois realizadores franceses (Jonas & François), que já fizeram vídeos para o Kanye West e Depeche Mode. Foi a melhor proposta que recebemos, por isso aceitámo-la. O vídeo já tem muitas visualizações no YouTube, mais de 1,7 milhões em menos de dois meses. É uma loucura!

Vocês começaram a tocar juntos ainda adolescentes, com os Fear of Flying, e alguns anos mais tarde alcançaram o primeiro lugar do top de vendas britânico com o disco de estreia dos White Lies. Tem sido uma viagem bastante boa até agora...

Sim, tem sido muito entusiasmante. E tem sido bastante trabalhoso. Não temos tido muito tempo para descansar e pensar no sucesso que alcançámos. Estamos sempre a trabalhar e assim que acabamos uma coisa, começamos logo outra. E tem sido sempre assim, somos uma banda muito trabalhadora. Quando somos pequenos dizem-nos que se trabalharmos com afinco acabamos por conseguir o que queremos. E foi isso que fizemos.

Então sentes que começam a precisar de fazer uma pausa para finalmente descansarem um pouco?

Sim, acho que somos capazes de tirar umas férias no final desta longa digressão, algures durante o próximo ano, talvez em Março ou Abril de 2012.

Idealmente, até onde achas que os White Lies vão conseguir ir? Que objectivos gostarias de alcançar como músico?

Só quero que continuemos a evoluir. Acho que fizemos dois álbuns pop muito bons e gostaria de passar a trabalhar em algumas ideias mais abstractas. Temos muitas ideias assim que ainda não conseguimos lançar cá para fora, devido à nossa posição actual.

Uma das nossas bandas preferidas, os Talk Talk, lançaram dois ou três álbuns pop de grande sucesso e depois acabaram por fazer coisas muito diferentes, especialmente nos dois últimos discos. Esse é o caminho que gostaríamos de seguir. Se isso irá ou não acontecer algum dia, não sei, mas veremos...