Os brasileiros Monobloco levantaram a poeira do recinto. A entrada no festival fez-se assim, ao ritmo do forró da banda, e instalou-se o carnaval brasileiro no terreiro. À chegada, as fãs mostravam que sabiam a letra das músicas de cor. E era quase impossível deixarem as «ancas sossegadas» com aquela batucada do Rio de Janeiro.
O festival dividiu as bandas em dois palcos e os portugueses Macacos do Chinês inauguraram o palco secundário com um rap suado e muito bem agarrado. «Lisboa menina e moça... macaca», cantaram eles para um público que ainda ia chegando ao recinto. Para a actuação que tiveram, mereciam mais gente a ouvi-los.
Os Macacos mostraram que são uma banda que tem muito a dar, bem mais do que o sucesso de «Rolling na Reboleira» - o tema que não podia faltar na set list, numa actuação que até experimentou a reacção do público com os acordes do «Thriller» de Michael Jackson.
Os Orishas, sem dúvida uma das bandas mais aguardadas da noite, tiveram a primeira enchente. A banda trouxe os sons cubanos e em troca teve a recepção esfusiante de 20 mil pessoas. O trio retribuiu com uma actuação irrepreensível e cheia de energia, algo que não surpreende o público, que já os conhece bem, pois os Orishas têm marcado presença habitual em Portugal.
O grupo de rap cubano formado, em Paris, por Yotuel, Roldan e Ruzzo trouxe muitos dos seus temas mais conhecidos como «Represent»,«Que Pasa» ou «Cosita Buena».
Já noite dentro, no palco secundário, os Natiruts deram um concerto marcado pela emoção do público. A banda brasileira teve uma forte audiência e retribuiu com sons muito dançantes, como é característica das suas actuações. De registar que os brasileiros têm no currículo meio milhão de discos vendidos fruto das digressões em solo brasileiro, que correm de lés a lés.
As atenções viram-se de seguida para Buju Banton. O ragga e a energia do jamaicano tomou conta do palco principal, e foram muitos os elogios da audiência.
No palco mais pequeno, a cantora Nneka preparava-se para mais uma actuação cintilante em solo português, com o público absolutamente conquistado pela voz da nigeriana, que apareceu com uma t-shirt com a mensagem «Afrika is the future».
A actuação de Nneka foi prolongada por insistência do público, que parecia não a querer deixar ir embora. Um dos momentos altos da sua actuação - e foram sempre muito bons e constantes - teve como refrão «Vagabond In Power», uma nova versão para se designar VIP...
Os brasileiros Skank trouxeram a pop, rock e ska ao terreiro. A banda deu show e cantou alto e bom som no palco principal do recinto, enquanto Nneka ainda cantava no segundo palco - chegando, por vezes, a haver mistura de sonoridades. Houve gente para ambas as actuações, que foram a prova de que há espaço e público para um festival diferente.
Os Skank, à semelhança do que tem vindo a acontecer um pouco por todo o lado, prestaram tributo a Michael Jackson com um medley que incluiu vários êxitos do malogrado rei da pop, com maior destaque para «Billie Jean» - tema que electrizou o público.
Pelos palcos do festival passaram ainda os Bajofondo, que encerraram as actuações principais.
O IOLMúsica está a acompanhar o Festival Delta Tejo ao minuto.