Optimus Alive!10: (quase) tudo sobre o concerto Beth Ditto e as extraordinárias baterias siamesas dos Paus - TVI

Optimus Alive!10: (quase) tudo sobre o concerto Beth Ditto e as extraordinárias baterias siamesas dos Paus

  • Paula Oliveira
  • Luís Silva (vídeos), Manuel Lino (fotografias)
  • 10 jul 2010, 13:09

Palcos alternativos tiveram alguns concertos que fizeram a noite uma festa

Beth Ditto foi a senhora da noite. «Estou chocada!», exclamou, de mão a calar a boca, quando subiu ao palco secundário do Festival Optimus Alive!10, esta sexta-feira, e se deparou com uma multidão tão grande. E era-o de tal forma que extravasava em largos milhares a fronteira da tenda, chegando quase ao palco Clubbing. Estava ali a prova de que, apesar de ser no palco secundário, esta seria a actuação de uma banda de primeira linha e já com uma legião de fãs em Portugal.

De uma ponta à outra, este foi um concerto de entrega e suor. A segunda passagem dos norte-americanos Gossip pelo Alive foi feita com a intensidade que Beth Ditto transmite em concerto e que é indescritível. Ela pula, ela move-se, ela sua, ela enrola em turbante a toalha no cabelo, ela não abranda. A voz que ela tem leva-nos para as vertigens da soul, de onde não queremos sair.

Embora as massas estivessem, como sempre acontece, à espera do êxito maior que é «Heavy Cross», a verdade é que as músicas que iam saindo não deixavam ninguém abrandar o ritmo, numa energia contagiante. «Standing in the way of control», «Love Long Son», «Pop Goes the World», «Love Long Distance» foram alimentando a deriva da multidão. Pelo meio houve lugar a «What love got to do with it», um original de Tina Turner que já tem feito parte do alinhamento de concertos da banda noutras paragens.

No final, tudo à espera de gritar a plenos pulmões que «o princípio da natureza é verdadeiro, mas cruel» ( The principal of nature, it's true but, it's a cruel world), a mensagem de «Heavy Cross». Para este fim de festa apoteótico, Beth desceu à plateia e puxou vários fãs para o palco para cantarem com ela, o que tornou ainda maior a explosão de êxtase. Emocionada, o seu microfone só se calaria a seguir ao refrão de «I Will Always Love You», tema que Whitney Houston celebrizou no filme «O Guarda Costas», mas que, neste caso, servia tão só de reconhecimento e gratitude.

No Palco Optimus Clubbing, as baterias siamesas dos Paus só podem ter deixado Joaquim Albergaria e Hélio Morais extenuados. Este é outro concerto a salientar na noite de sexta-feira.

A invulgaridade sonora da banda composta também por Makoto Yagiu no baixo/teclas e Joao Shela Pereira nas teclas nunca deixaria de ser uma curiosidade boa de se experimentar no ouvido, mas ao vivo fica-se com a sensação de que têm de ser eles os próximos heróis da música portuguesa e que o big beat acabará por vencer. Se existe alguém à procura da next big thing da música nacional pode, por isso, parar já aqui.

Geniais, vigorosos, incríveis. Que mais se pode dizer quando o que vemos é uma sintonia aos pares que vai desde as baquetas que trocam em andamento, aos teclados que se duplicam em espelho, um de cada lado do palco, à velocidade que empregam à música. Este segundo dia do Clubbing do Optimus Alive!10 esteve a cargo da editora Enchufada, que lançou o EP de estreia dos Paus, «É uma Água». Sem dúvida, uma descoberta que ainda irá dar que falar.

No resumo dos principais concertos dos palcos alternativos, também merece destaque a actuação dos New Young Pony Club, que precederam os Gossip no Palco Super Bock. Com a crítica britânica a clamar que «The Optimist», o segundo registo do quarteto londrino, é um «super-smart pop album», o que se confirma em palco.

A vocalista Tahita Bulmer é sinónimo de festa e muita energia. Na sua actuação foi surpreendente ver que a banda tem já por cá quem sabe de cor a letra das músicas. Depois do bem-sucedido «Fantastic Playroom», eis que surge mais um lote de boa pop britânica. «Ice Cream», «The Bomb», «Chaos» ou Get Ready», numa mistura de novos e velhos temas de uma banda que é conduzida por mais duas jovens mulheres: Sarah Jones na bateria e Lou Hayter nas teclas. O produtor Andy Spence junta-se à guitarra. A tenda estava cheia.
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