Quatro regras e um conselho para evitar contágios de VSR, influenza, covid e afins nesta quadra natalícia - TVI

Quatro regras e um conselho para evitar contágios de VSR, influenza, covid e afins nesta quadra natalícia

Natal (Pexels)

Este é o terceiro Natal em plena pandemia e o primeiro em que o cenário se mostra mais animador, mas isso não significa que já seja hora de se estar à vontadinha

Após um Natal marcado pelo confinamento e outro pela incerteza, 2022 traz um Natal mais próximo do vivido antes da chegada da pandemia mas ainda não totalmente igual ao de outrora. Apesar de já terem caído todas as regras de mitigação da propagação do vírus e do isolamento já não ser um imperativo, reina o bom senso (ou a chamada solidariedade coletiva) nesta quadra, dizem à CNN Portugal os médicos Bernardo Gomes, Manuel Ferreira Magalhães e Sofia Baptista.

“Nesta altura, fruto da elevada adesão à vacinação, por termos passado por uma exposição marcada no último ano e, adicionalmente, por não estarmos a ver um impacto das novas variantes, o quadro é mais favorável do que estávamos à espera”, afirma Bernardo Gomes, médico de Saúde Pública, destacando que este não é um Natal de “mensagens autoritárias” mas sim de recomendações e “responsabilidade social” (algo que se aplica a quem ainda vai a centros comerciais comprar presentes) que devem ser mantidas até depois do Natal.

“Este é um Natal à antiga mas com os cuidados modernos”, diz Manuel Ferreira Magalhães, pediatra no Centro Materno Infantil do Norte e professor auxiliar convidado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Defende que este é o Natal em que as famílias se podem juntar mas sem esquecer os vírus respiratórios que circulam (alguns em maior força, como o influenza, da gripe, e o vírus sincicial respiratório, VSR). “Devemos estar livremente com a família e cumprir as regras básicas, lavar as mãos, evitar meter as mãos na boca e nariz. Mas abraços e beijos são permitidos. A mensagem principal é que o Natal é tempo de união e de estar com a família, mas podemos cumprir algumas regras que tornam o Natal um bocadinho mais seguro em termos de saúde.”

1/ Proteger os mais vulneráveis (e isso pode implicar a reorganização da família)

Esta é a regra base não apenas para o Natal mas também “para o futuro”, como diz o médico de Saúde Pública Bernardo Gomes: proteger quem precisa de ser protegido. Se no grupo de familiares e amigos que vão estar reunidos no Natal houver uma pessoa com imunidade comprometida, a fazer quimioterapia ou com algum problema de saúde que possa servir de gatilho para complicações após uma infeção respiratória, a máscara é o primeiro passo, podendo ser usada por quem precisa de se proteger e por quem quer proteger (como vamos ver mais à frente).

“Quem faz quimioterapia, por exemplo, não pode estar com alguém que tenha sequer tosse. Pode ser preciso reorganizar o Natal”, dá como exemplo Manuel Ferreira Magalhães.

Para Sofia Baptista, correspondente médica da CNN Portugal e investigadora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, “a opção do uso de máscara deve ser individual e respeitada pelos elementos da família”, sobretudo quando há pessoas de maior risco presentes.

“Se estamos numa família em que ninguém tem uma condição de particular risco, acho que este é o ano de estarmos todos um pouco mais à vontade. De qualquer maneira recomendaria a máscara para as pessoas de grande risco em termos de saúde, pessoas vulneráveis. Sabemos que as máscaras KN-95 e FFP2 oferecem uma proteção maior face às máscaras cirúrgicas”, explica, aconselhando ainda a família que se vai reunir “a conversar previamente, a perceber como é que a família se compõe, quais os planos”, de modo a que os mais vulneráveis estejam salvaguardados e não aconteçam surpresas inesperadas.

E sobre o distanciamento e a redução do número de pessoas à mesa que nos foi pedido nos últimos dois anos? “Sabemos que cada contacto aumenta a probabilidade de uma infeção, mas somos humanos e precisamos do outro, precisamos de todo este contacto que perdemos ao longo dos anos em que a pandemia nos assolou com maior gravidade e, por isso, aqui diria mesmo que bom senso e responsabilidade darão a resposta”, diz Sofia Baptista.

2/ Usar máscara se estiver adoentado (mesmo que o teste à covid-19 tenha dado negativo)

Não são apenas as pessoas dos grupos de risco que beneficiam do uso de máscara em ambientes fechados. Numa altura em que os vírus respiratórios estão em grande circulação, também quem apresenta sintomas - como tosse, espirros ou corrimento nasal, por exemplo - deve usar máscara, mesmo que tenham feito previamente em casa um teste à covid-19 e este tenha dado negativo, pois pode ser, por exemplo, gripe.

“Devemos ter mais cuidado quando alguém está doente, com febre, com tosse, com um quadro agudo respiratório. Nestes casos, devemos assegurar que usa máscara e evita o contacto com as pessoas de maior risco, como bebés, idosos e pessoas com doenças crónicas que as enfraquecem. Se há uma pessoa que está doente e que está na quadra com uma pessoa de risco, deve afastar-se, usar máscara e evitar beijos e abraços”, frisa Manuel Ferreira Magalhães.

E se o teste à covid-19 tiver dado positivo? As recomendações são as mesmas: máscara, lavagem de mãos e cuidados com as proximidades. “Se uma pessoa testar positivo, sabemos bem que, atualmente, já não há indicação oficial, de acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde, para isolamento. Dentro da família, sabemos que vai sempre gerar alguma preocupação. A minha recomendação seria que a pessoa que está positiva usasse de maneira permanente máscara, que tentasse algum distanciamento e que, se nesse agregado, nessa casa, caso exista alguma pessoa de elevado risco, que essa pessoa use também uma máscara e particularmente uma do tipo KN-95 ou FFP2, que lhe confere uma proteção superior.” 

Sobre casos positivos à covid-19, Bernardo Gomes é mais cauteloso. “Estando infetado, deve evitar-se estar com elementos do agregado familiar e sobretudo vulneráveis. Pode querer-se muito [estar presente] mas pode estragar-se o Natal e mais do que isso”, alerta.

Quando questionados sobre se as pessoas devem ou não fazer um teste à covid antes de se reunirem com a família, tanto Bernardo Gomes como Manuel Ferreira Magalhães dizem que mais importante do que o teste em si - que pode ser feito por descargo de consciência - estão os sintomas e que esses é que devem ser a bitola para as ações durante a quadra. “O teste não diz nada, os sintomas é que dizem”, frisa Manuel Ferreira Magalhães.

3/ Prestar atenção às crianças (e às mãos no nariz e na boca)

“Em relação aos pequeninos: quando estão também eles adoentados - com uma infeção respiratória, que nesta época têm sido muito frequentes (estão em circulação muitos vírus) - é difícil responder sobre o que fazer porque, obviamente, sabemos que quando alguém está doente deve usar máscara, deve evitar os contactos, mas nas crianças a logística torna-se mais difícil”, diz Sofia Baptista, apontando para os adultos a responsabilidade da proteção e dos hábitos das crianças - prestando atenção à lavagem correta das mãos e evitando que levem as mãos à boca e ao nariz. 

O médico Bernardo Gomes destaca que, nestes casos, “a recomendação é tentar não expor as crianças a pessoas vulneráveis”, podendo, por exemplo, ser criado um espaço de brincadeira mais longe do local onde estão as pessoas mais suscetíveis à infeção.

“Se temos uma criança que está doente, que não é capaz de cumprir este tipo de requisitos, podemos tentar que lave as mãos o mais possível e, do ponto de vista de quem está com a criança - porque às vezes é difícil evitar os contactos -, se estamos a falar de uma pessoa idosa ou de uma pessoa com doenças de risco podemos aconselhar essa pessoa a usar máscara para se proteger”, pede Sofia Baptista.

4/ Arejar a casa

Garantir a boa ventilação dos espaços fechados é uma das medidas a que Bernardo Gomes mais tem apelado nos últimos meses e este Natal não é exceção. O médico de Saúde Pública recomenda que as pessoas arejem a casa, devendo escolher espaços de convívio nos quais “se possa ventilar para que haja circulação de ar”. Abrir as janelas durante o dia é uma opção - o que inclui os espaços que não estão a ser usados - e manter as portas abertas também é uma via aconselhada. É também importante ter em consideração a temperatura que se faz sentir no exterior, sobretudo se a habitação tiver más condições térmicas.

Um conselho/ vacinar, vacinar, vacinar (ou incentivar à vacinação)

As palavras do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ainda fazem eco entre os médicos entrevistados pela CNN Portugal: o governante continua a destacar a vacinação como o principal escudo protetor contra a covid-19 e o desenvolvimento de doença grave após o contágio. Apesar de reconhecer que a vacinação nesta semana pouco ou nenhum efeito terá nos dias de Natal, Bernardo Gomes defende que as pessoas elegíveis devem ser vacinadas, seja contra a covid-19 e/ou a gripe. E a quadra pode ser o momento para incentivar à vacinação. “Que todas as oportunidades de vacinação se aproveitem”, reforça Bernardo Gomes. “Que todos os que sejam elegíveis para a vacinação a tenham em dia - este será um dos aspetos mais importantes mesmo”, sublinha Sofia Baptista. E Manuel Ferreira Magalhães conclui: “A vacinação é importante para proteger da doença grave e dos desfechos fatais”.

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