Obesos: cirurgia reduz mortalidade - TVI

Obesos: cirurgia reduz mortalidade

  • Portugal Diário
  • 5 set 2007, 09:36
Obesidade mórbida

Estudos concluem que doentes submetidos a operação vivem mais tempo

Os doentes submetidos a cirurgia para combater a obesidade vivem mais tempo do que os que não recorreram à intervenção, segundo estudos divulgados recentemente que serão debatidos no XII Congresso Mundial de Cirurgia da Obesidade, que começa hoje no Porto.

Davide Carvalho, professor da Faculdade de Medicina do Porto, disse à agência Lusa que os dois estudos, efectuados nos Estados Unidos e na Suécia, foram publicados na semana passada no «New England Journal of Medicine».

«Já se sabia que a cirurgia da obesidade permite melhorias num conjunto de factores, nomeadamente na diabetes, hipertensão e lipidemia, mas agora estes dois estudos comprovam redução da mortalidade», salientou Davide Carvalho.

O médico do Hospital S. João, no Porto, salientou que os estudos sobre eventuais mudanças da esperança de vida são muito demorados, pelo que estes primeiros resultados constituem uma «grande novidade» para os cirurgiões que operam obesos.

Estes e outros estudos serão debatidos no XII Congresso Mundial de Cirurgia da Obesidade, que vai reunir no Porto entre quarta-feira e sábado mais de 1.500 especialistas de 64 nacionalidades.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade, organizadora do congresso, a prevalência em Portugal desta doença é de cerca de 13 por cento nos homens e de 15 por cento nas mulheres.

Davide Carvalho referiu que já 3.000 a 4.000 doentes foram submetidos em Portugal a cirurgias para combater a obesidade, sobretudo através da colocação de banda gástrica.

O especialista explicou que a banda gástrica faz com que o estômago seja apertado e não possa crescer, diminuindo a acumulação de gorduras.

Nos Estados Unidos, é mais utilizado um outro tipo de cirurgia, o «bypass», que faz «derivar os alimentos do abdómen para uma parte mais adiante no tubo digestivo, impedindo a absorção de gorduras».

Davide Carvalho salientou que os estudos agora publicados comprovam que a mortalidade diminui nos dois tipos de cirurgia. O médico referiu que em 2006 foram operados no Hospital S. João 138 doentes obesos, dos quais apenas oito por «bypass», dado que é um método com alguns «riscos de complicações» e que obriga a um «maior acompanhamento».

Não basta ser operado

Davide Carvalho sublinhou que não basta ser operado para se deixar de ser obeso, porque qualquer intervenção tem de ser seguida de regime alimentar adequado, exercício físico e acompanhamento médico.

O especialista referiu que a Comissão Nacional de Avaliação do Tratamento por Cirurgia da Obesidade, a que pertence, recomendou recentemente que, tal como as cirurgias, também as consultas de acompanhamento médico dos doentes operados sejam comparticipadas.
Continue a ler esta notícia