O programa de investimentos prioritários entre 2005 e 2009 apresentado esta terça-feira pelo Governo PS prevê a criação de 120 mil novos empregos e um contributo entre 1,3 a 1,7 pontos percentuais para o crescimento económico projectado para o período.
E como os dois projectos mais emblemáticos deste programa têm sido polémicos, José Sócrates veio responder esta terça-feira à pergunta que muitos portugueses têm feito nos últimos meses. «Será que o país precisa de um novo aeroporto e do TGV?». O primeiro-ministro diz que a pergunta «está mal feita» e reformulou-a:
«Será que o país precisa de um novo aeroporto e o TGV daqui a 10, 15 anos?» «Sim», garantiu Sócrates na apresentação dos cerca de 200 projectos que compõem o programa de investimentos que visa relançar a economia. O conjunto de projectos, apresentado hoje no Centro Cultural de Belém em Lisboa, irá custar 25 mil milhões de euros até 2009.
«Este é o momento para a acção», acrescentou o primeiro-ministro sobre os dois projectos, reforçando a ideia que nem um nem outro estão esquecidos na gaveta à espera de uma conjuntura económica melhor.
Recorde-se que esta manhã o ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações anunciou que as obras do futuro aeroporto da OTA e do comboio de alta velocidade vão arrancar no terreno ainda nesta legislatura, desmentindo que os projectos tenham sido adiados.
Numa nota à comunicação social, o ministério liderado por de Mário Lino «desmente categoricamente» o adiamento dos dois projectos, como hoje notícia o diário Público. De acordo com o jornal, as obras do novo aeroporto da Ota e do TGV só devem avançar na próxima legislatura, estando previstas apenas verbas para estudos, projectos e expropriações.
PSD diz que novo aeroporto não é urgente
Este é dos primeiros temas, desde que Sócrates tomou posse, sobre o qual há uma divergência substancial entre o PS e o PSD. Enquanto o primeiro-ministro não se cansa de sublinhar que o investimento público de origem nacional está salvaguardado, apesar da crise financeira que assola o país, Mendes acredita que o modelo do programa apresentado pelo Governo está «esgotado há muitos anos», dado que «a recuperação económica do país não passa por mais betão e mais obras públicas».
O líder do PSD considerou ontem «uma grande precipitação» a construção de um novo aeroporto na Grande Lisboa. «É uma grande precipitação lançar-se um aeroporto na Grande Lisboa num momento de grande aperto. Não é urgente», afirmou Mendes.
Em alternativa, o social-democrata defendeu que, seguindo o exemplo do «competitivo» concelho da Maia, «Portugal tem de investir em inovação, em marketing e em marca», de forma a aumentar as suas exportações.
«Na última década, a República Checa e a Hungria, nossos novos parceiros europeus, quadruplicaram as suas exportações. A Espanha triplicou e Portugal nem sequer duplicou», referiu esta segunda-feira.
Sector privado irá assegurar mais de 13 milhões do investimento global
O ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, que apresentou o programa de investimentos ao lado do primeiro-ministro esta terça-feira, indicou que mais de 20 por cento do crescimento previsto para aquele período de cinco anos será da responsabilidade do Programa de Investimento em Infra-estruturas Prioritárias (PIIP).
Na sessão de apresentação do PIIP - que prevê um investimento global de 25 mil milhões de euros -, Manuel Pinho referiu que 11,652 mil milhões de euros (correspondentes a 46,6 por cento do total) serão assegurados pelo investimento público e 13.348 milhões de euros pelo sector privado, o que contempla 5895 milhões de euros de parcerias público-privadas.
O Governo anunciou ainda que vai acabar a CRIL e completar a auto-estrada até Bragança.
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Mais 120 mil empregos até 2009, prevê Governo
- Tatiana Alegria
- , com Lusa
- 5 jul 2005, 13:02
![Um ano depois, ainda terão motivos para sorrir?](https://img.iol.pt/image/id/229389/1024.jpg)
Gerados pelo programa de investimentos apresentado hoje. Mas o país precisa do novo aeroporto e do TGV? «Sim», garante Sócrates. Políticas do PS e PSD divergem radicalmente. Mendes defende que «a recuperação económica do país não passa por mais betão»
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