A saída de Odete Santos - TVI

A saída de Odete Santos

  • Portugal Diário
  • 11 abr 2007, 17:08
Odete Santos

Deixa o Parlamento sexta-feira, mas diz que não será uma «morte política»

Odete Santos sai do Parlamento ao fim de quase 27 anos de trabalho nas áreas do direito laboral e das mulheres, numa «decisão racional» por se sentir cansada, assegurando à Lusa que não será uma «morte política» porque quer continuar activa, «embora de outra maneira».

Em entrevista à Agência Lusa, a deputada mais mediática do PCP, que completa 66 anos no próximo dia 26, e que será substituída sexta-feira por Bruno Dias, admitiu que a hora da saída, mais uma mudança na sua vida, lhe suscitou alguns medos, que procura desdramatizar.

«Isto não é fácil. É uma decisão racional, penso que é a correcta, mas não é fácil. E agora, o que é que será daqui para diante sem ter esta obrigação quase diária de vir para a Assembleia? Será que consigo fugir àquele panorama um bocadinho triste de pessoas que se sentam nos bancos dos jardins a ler um livro ou um jornal?», disse, rindo.

Odete Santos afirmou que já não se sente com forças «em termos de saúde e de cansaço» para continuar a vida parlamentar. «Ser deputado não é uma pessoa sentar-se ali no plenário e ter uma inspiração súbita para falar porque não há inspirações súbitas. É preciso estudo e trabalho, bastante».

A deputada afirmou-se cansada da vida parlamentar, «dos barulhos, das pressas, de fazer isto, de fazer aquilo, das pressas que não deixam uma pessoa ter tempo para pensar quando às vezes é preciso silêncio».

Além disso, Odete Santos quer ter mais tempo para retomar as suas paixões: «Ir ao teatro, para ver cinema, para ver exposições, nem que seja como espectadora, actualizar os conhecimentos».

Da vida parlamentar, Odete Santos afirmou ter notado nos últimos anos o acentuar da pressão para que os deputados, mas sobretudo as deputadas, sejam «politicamente correctos» e afirmou rejeitar «a política das aparências».

A deputada Odete Santos notabilizou-se nas áreas laborais e dos direitos das mulheres, e pela forma apaixonada como defende as suas causas na tribuna e na vida.

Maria Odete dos Santos nasceu em Pega, Guarda, a 26 de Abril de 1941, viveu em Alpiarça e depois em Setúbal, círculo eleitoral pelo qual foi eleita deputada. Formou-se em Direito e foi a experiência de muitos anos de advocacia que lhe ensinou o «rigor jurídico» que lhe reconhece o deputado e vice-presidente da Assembleia da República António Filipe.

Entrou na Assembleia da República em 1980, eleita pelo círculo de Setúbal, mas desde 1974 que já estava ligada ao poder local, desempenhando cargos de vereadora e na Assembleia Municipal do seu concelho.
Continue a ler esta notícia