Associação de Vítimas de Pedrógão desconhece que inauguração de memorial dependa da câmara - TVI

Associação de Vítimas de Pedrógão desconhece que inauguração de memorial dependa da câmara

  • Agência Lusa
  • PP (atualizado 18:23)
  • 17 jun 2023, 17:11
Portugal Wildfires Anniversary - pedrogao (Armando Franca/AP)

“Para mim é uma surpresa. Mais surpreendente é quando o primeiro-ministro faz uma comunicação que é muito pouco para este território”, disse a presidente da AVIPG

A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) disse hoje desconhecer que a inauguração do memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 esteja dependente do município de Pedrógão Grande.

“O presidente da Câmara esteve hoje comigo e não referiu qualquer pendência para que o memorial fosse eventualmente inaugurado”, disse Dina Duarte, confrontada com uma mensagem no Twitter do primeiro-ministro a indicar que uma homenagem acontecerá em data a escolher pela autarquia.

Dina Duarte, que falava aos jornalistas, salientou que a Infraestruturas de Portugal entregou a obra e “que se saiba não é a Câmara Municipal que é o dono da obra, mas sim o Governo português”.

O memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 abriu na quinta-feira, junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, Pedrógão Grande (Leiria), com o nome das 115 vítimas mortais dos fogos naquele ano, sem cerimónia de inauguração.

O primeiro-ministro evocou hoje a memória das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, no dia em que passam seis anos da tragédia, indicando que uma homenagem acontecerá em data a escolher pela autarquia.

“Para mim é uma surpresa. Mais surpreendente é quando o primeiro-ministro faz uma comunicação que é muito pouco para este território”, disse a presidente da AVIPG.

Dina Duarte considerou que a forma do líder do Governo se dirigir às pessoas dos territórios afetados pela tragédia de 2017 “não é a melhor” e lamentou que não mereçam “outro tipo de comunicação e de atitude, num território que há seis anos sofreu tanto”.

A responsável frisou ainda que o território continua abandonado, com péssimas telecomunicações, “como esteve nos dias do incêndio em junho de 2017”.

“O território continua por sua conta e, lamentavelmente, tanto dinheiro foi doado pelos portugueses e agora até isso nos querem tirar [fundo Revita]”, lamentou a presidente da AVIPG, lembrando que continuam por executar os projetos-piloto prometidos para os territórios afetados.

Na tarde de hoje, quando passam seis anos da tragédia que vitimou 66 pessoas, a AVIPG participa numa missa em memória das vítimas, em Vila Facaia (Pedrógão Grande), e deposita uma coroa de flores no memorial.

“O memorial de homenagem era uma coisa que não deveria sequer criar polémica, que já criou por outras questões, mas sim um motivo para estarmos a prestar homenagem e não a criar outro cenário”, sublinhou.

Autarca de Pedrógão Grande nega que inauguração de memorial dependa da câmara

O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, negou entretanto que a inauguração do memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 esteja dependente do seu executivo.

Questionado pela agência Lusa, António Lopes disse que não depende da Câmara a inauguração do memorial, que abriu na quinta-feira, junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, Pedrógão Grande, com o nome das 115 vítimas mortais dos fogos naquele ano, sem qualquer cerimónia.

“Acho que devia existir uma cerimónia em homenagem à memória das vítimas, mas apenas fui previamente informado pela Infraestruturas de Portugal que o monumento ia abrir ao público”, referiu o autarca.

No dia em que passam seis anos sobre os trágicos incêndios que vitimaram 66 pessoas em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, António Lopes frisou que nunca foi contactado pelo gabinete do primeiro-ministro, António Costa, para escolher uma data para realizar uma inauguração ou homenagem.

“Com o município de Pedrógão Grande não houve qualquer contacto nesse sentido”, sublinhou o presidente da Câmara, recusando comentar a mensagem publicada ao final da manhã pelo primeiro-ministro.

Da autoria do arquiteto Souto Moura, o Memorial de Homenagem às Vítimas dos Incêndios Florestais de 2017 inclui um lago de enquadramento, com cerca de 2.500 metros quadrados de área, alimentado por uma gárgula com 60 metros de extensão, sendo bordejado por uma faixa de plantas constituída por nenúfares brancos, lírios e ranúnculos.

Segundo a IP, dona da obra, “o memorial inclui também, como peça fundamental, um muro com a inscrição do nome de cada uma das 115 pessoas vitimadas nos incêndios florestais de junho e outubro de 2017”.

O memorial representou um investimento de 1,8 milhão de euros do Governo.

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