Casa Pia: «Menores não inventaram» - TVI

Casa Pia: «Menores não inventaram»

  • Portugal Diário
  • 2 out 2006, 16:37

Garante perito que realizou as perícias psicológicas às testemunhas

O perito que realizou as perícias psicológicas a vários dos jovens do processo Casa Pia atestou, esta segunda-feira, em julgamento que estes menores são credíveis para testemunhar em tribunal, escreve a agência Lusa.

No final da 228ª sessão de julgamento, que decorreu à porta fechada, António Mendes Pedro, professor associado do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e consultor convidado para avaliar os jovens com idades até aos 16 anos, defendeu as perícias realizadas e mostrou-se convicto de que os menores não inventaram.

«Muitas vezes é mais fácil omitir (abusos) do que inventar. Um jovem abusado não fala da mesma maneira que outro que está a inventar, porque um está a falar de uma experiência vivida e o outro está a falar de coisas mais ou menos racionais», disse.

António Mendes Pedro salientou ter sido este o «princípio» seguido na avaliação dos jovens e discordou da possibilidade de serem ordenadas a realização de novas perícias, pois as efectuadas anteriormente «reuniram as condições suficientes».

«Nessas perícias avaliamos o testemunho que as crianças dão sobre os presumíveis abusos, tendo em conta a coerência daquilo que é dito e, depois, avaliamos em termos de credibilidade», explicou.

Segundo disse aos jornalistas, a avaliação da coerência do testemunho dos jovens é feita «a partir do próprio testemunho, das atitudes que acompanham o depoimento, das manifestações corporais e também de outros sintomas», incluindo as «perturbações psicológicas».

«No final (do exame), com uma variedade de elementos, nós podemos formular hipóteses sobre a consistência do testemunho das crianças», acrescentou, dizendo ainda que cada caso é um caso em termos de avaliação.

O perito mostrou-se contra o facto de os jovens serem submetidos a novas perícias para avaliar a sua capacidade de testemunhar em tribunal, alegando que isso implica reviver os factos e a «reiteração daquilo vivido tem consequências», pelo que a juíza presidente deve «avaliar todos os elementos em jogo».

António Mendes Pedro disse ter realizado perícias a mais de 20 das 31 testemunhas/jovens do processo, com idades até aos 16 anos.

O julgamento prossegue quarta-feira, havendo a intenção do tribunal de ouvir o ex-agente da PJ e actual presidente da Câmara Municipal de Santarém, Moita Flores, que foi indicado como testemunha pelo advogado José Maria Martins, defensor do principal arguido Carlos Silvino.
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