Segundo Cavaco Silva, disso depende a “credibilização das instituições e dos seus protagonistas”.
“Os agentes políticos têm de compreender, de uma vez por todas, a necessidade dos compromissos interpartidários, intrínseca no nosso sistema político. Os portugueses não se reveem num conflito de crispação e que coloca os interesses partidários acima dos interesses nacionais. Os portugueses estão cansados da conflitualidade política em torno de questões acessórias.”
Com um discurso muito duro para o “nível de crispação e agressividade verbal” que considera existir no debate político, o chefe de Estado lamentou os “ataques”, “insultos de caráter pessoal”, “querelas estéreis”, “calúnias” e a “difamação”, que acredita estarem a “afastar os cidadãos” da política.
“Apelo aos deputados desta legislatura e da próxima a que contribuam para a elevação do debate público e para a qualidade da democracia. Só o diálogo e o consenso permitem alcançar os compromissos imprescindíveis para alcançar a estabilidade necessária."
O Presidente referiu ainda que o país entrou numa “nova fase da vida nacional” com o fim do programa da troika, mas que há um “longo caminho a percorrer”, apesar dos “sinais” positivos da economia. Por isso, alertou que há "desafios que não se esgotam no tempo de uma legislatura".
O discurso foi interrompido várias vezes pelos aplausos dos deputados da maioria. À esquerda, nem o mínimo sinal de aprovação.
Cavaco Silva atribuiu parte da sua intervenção ao apelo a uma “atitude firme de combate à corrupção”, avisando que “ninguém está acima da lei”.
“A corrupção tem efeitos extremamente graves no relacionamento entre os cidadãos e o Estado, diminuindo a confiança nas instituições e criando, em particular, a falsa ideia de que a generalidade dos agentes políticos ou dos altos dirigentes da administração não desempenham as suas funções de forma transparente, ao serviço exclusivo da comunidade. É desta falsa perceção que se alimentam os populismos e se abre a porta à demagogia.”
O Presidente da República destacou a quebra da natalidade, o envelhecimento da população, a emigração e o desemprego dos jovens como principais “problemas de fundo”, pedindo às “diversas forças políticas” para “assumirem” as “linhas de rumo” que os combatam.
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