Na sua primeira intervenção perante o XX Congresso, o secretário-geral quis «felicitar os socialistas pela forma exemplar como têm sabido enfrentar uma prova para que nunca ninguém está preparado».
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Costa quis reforçar a «responsabilidade e serenidade» do partido, mesmo «perante um choque que para nós é brutal». «Todos temos sabido separar os sentimentos da política», insistiu.
O líder do PS sente que o partido está a lutar «contra ventos e marés», mas «sem resvalar na confiança no Estado de Direito».
«Todos temos sabido separar os sentimentos da política e todos temos sabido mostrar a fibra de que se faz um partido como o PS, a fibra daqueles que, contra ventos e marés, acreditam e não resvalam na sua confiança no Estado de Direito e nos seus valores essenciais».
Quanto a uma futura e eventual governação, António Costa prometeu que irá propor, caso seja eleito primeiro-ministro, «a eleição de um secretário-geral adjunto» para o PS, porque será fundamental para «a vida do partido além da ação governativa». Um partido que Costa quer «igual na oposição e no Governo».
«Para que o partido não volte, como já aconteceu muitas vezes, a estiolar no seu funcionamento, na sua vida, na sua participação democrática, quando está no exercício do poder».
O secretário-geral socialista explicitou a sua «vontade de travar a austeridade» e «devolver a confiança». Costa pretende ainda uma «nova voz na Europa, que defenda os interesses dos portugueses». E promete «travar o confronto permanente com a Constituição e com o Tribunal Constitucional».
António Costa criticou o Executivo de Passos Coelho por, «apesar de toda a austeridade», ter «fracassado» no seu «grande objetivo de reduzir a dívida pública», «asfixiando» o futuro do país e dos portugueses.«Este Governo semeou a incerteza e intranquilidade. E falhou todas as metas orçamentais. Este Governo não fez um orçamento que não se confrontasse com a Constituição».
O líder socialista criticou também o Governo por ter rejeitado todas as propostas do PS de alteração ao Orçamento do Estado para 2015 por «fanatismo orçamental». «O Governo não tem, nem quer ter, emenda», resumiu. Por isso, Costa rejeita contribuir para qualquer compromisso com a maioria PSD-CDS.
Comentando a recente entrevista de Passos Coelho à RTP, que até recomendou a quem não viu, o secretário-geral do PS lamentou que o primeiro-ministro não tenha apresentado sequer uma medida.«O compromisso que desejam é amarrar-nos conjuntamente à pedra que os arrasta para o fundo. Queriam levar-nos com eles nesta lenta agonia que enfraquece o país».
Sobre a visão do PS para a Europa, António Costa garantiu que é possível «garantir uma alternativa» no quadro europeu. Numa «Europa a afastar-se dos valores dos seus fundadores», o líder socialista lamentou a «deriva europeia».«Ele comentou casos judiciais, comentou esse sucesso da iniciativa privada que é a crise no BES, travou uma polémica com todas as instituições internacionais que não confiam nas metas do Governo para a execução orçamental do próximo ano. Mas nada disse sobre o crescimento do país, o emprego, o combate à pobreza, a competitividade… Sobre isso, nem uma medida. Este Governo não tem soluções para apresentar para o futuro do país. É um Governo esgotado e conformado com a realidade».
«Muitos socialistas acharam que deviam desistir de ser socialistas, outros que deviam desistir de ser europeus. Mas o PS é socialista e é campeão do europeísmo».
Costa criticou os que desistiram de ser «uma alternativa à direita», que se deixaram «diluir», «como se não houvesse diferenças ou as diferenças fosse uma coisa poucochinha». Assim, lamenta, «fortalece-se os radicalismos e enfraquece-se a democracia».
Para António Costa, é necessário «um novo equilíbrio», que «passa por uma nova leitura do tratado europeu, por uma discussão europeia sobre a questão da dívida e por um novo programa de investimento».«A Europa é o novo espaço do combate político democrático. Tal como nos batemos em cada freguesia, em cada município, ou a nível nacional, temos também de nos bater na Europa por uma nova política. Para isso, é necessário um novo Governo em Portugal».