Camarate: comissão deve reiterar «atentado» - TVI

Camarate: comissão deve reiterar «atentado»

Freitas do Amaral (JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA)

Deputados da 9.ª comissão de inquérito reúnem-se hoje pela última vez para aprovar o relatório e recomendações

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Com os trabalhos interrompidos pela dissolução do Parlamento, a 9.ª comissão de inquérito ao «caso Camarate» deverá esta quarta-feira reiterar, nas suas conclusões, a tese do atentado e discutir a continuação das investigações, escreve a Lusa.

Os deputados da 9.ª comissão de inquérito reúnem-se hoje pela última vez para aprovar o relatório e recomendações.

Segundo fonte da comissão, a proposta de relatório, elaborada pelo deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro, recomenda a continuação das investigações para o futuro, mas não é certo que esta recomendação seja consagrada já que não recolhe unanimidade entre os deputados.

Pelo caminho ficarão iniciativas consideradas importantes pelos deputados, nomeadamente a audição ao ex-Presidente da República e ex-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Ramalho Eanes, e a auditoria ao Fundo de Defesa Militar do Ultramar.

«Para nós, a conclusão mais importante é assumirmos as conclusões da 8.ª comissão. Que houve uma explosão a bordo que decorreu de um ato criminoso», afirmou à Lusa o deputado social-democrata Duarte Pacheco.

A proposta de documento faz um relato das diligências efectuadas, resume as audições, refere os documentos recebidos e faz recomendações.

Esta sistematização poderá ser útil para o futuro, caso o Parlamento que vier a ser eleito decida na próxima legislatura prosseguir as investigações, considerou Duarte Pacheco.

Quanto ao objecto do inquérito - apurar «as causas e circunstâncias» da queda do avião que a 4 de Dezembro de 1980 vitimou o então primeiro-ministro Sá Carneiro, o ministro da Defesa Amaro da Costa e todos os passageiros e tripulantes a bordo ¿ o deputado admitiu que não se descobriram «factos novos».

«Não houve factos novos, mas não houve nada, no tempo de que dispusemos, que infirmasse ou contrariasse as conclusões da oitava comissão e isso é significativo», sustentou o deputado Duarte Pacheco.

Questionado pela Lusa, o deputado do PS Ricardo Rodrigues, que preside à comissão, considerou necessário aprovar um relatório, afirmando que apesar do pouco tempo de funcionamento «era preciso não deixar os trabalhos em aberto».

Quanto ao PCP, o deputado Jorge Machado defendeu, em declarações à Lusa, que compete apenas ao próximo Parlamento decidir se constitui ou não uma 10.ª comissão de inquérito, manifestando-se contra qualquer recomendação nesse sentido.

Uma das iniciativas que ficará pelo caminho é a auditoria dos técnicos das Finanças ao Fundo de Defesa Militar do Ultramar, uma das linhas de investigação sugeridas pelo ex-governante Freitas do Amaral no seu livro «Camarate ¿ um Caso ainda em aberto» no qual apelou à reabertura do inquérito parlamentar.
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