Ainda a Caixa Geral de Depósitos a apimentar a Assembleia da República, mas desta vez com a agravante de o CDS-PP ter requerido uma audiência ao Presidente da República para se queixar daquilo que "se passa no Parlamento".
Assunção Cristas anunciou-o no debate quinzenal desta quarta-feira, com o primeiro-ministro. E detalhou essa reunião com Marcelo Rebelo de Sousa terá lugar no Palácio de Belém, daqui a dois dias, na sexta-feira e o líder parlamentar centrista Nuno Magalhães deu a entender que o principal visado será o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
"Deste lado não há medo nenhum de descobrir a verdade e inquirir", começou por dizer Assunção Cristas, referindo-se quer ao escândalo dos 10 mil milhões de euros que voaram para offshore entre 2011 e 2014 (durante a anterior Governação PSD/CDS-PP, mas também à comissão de inquérito à Caixa.
Tudo para acusar a esquerda de "oprimir a oposição" na descoberta do que há de relevante nas mensagens trocadas entre Mário Centeno e António Domingues, ex-presidente da Caixa, a propósito da entrega das declarações de rendimentos e património no Tribunal Constitucional.
Ora, perante o anúncio da reunião com o chefe de Estado, o presidente da Assembleia da República interpelou Assunção Cristas: "Não sei o que vai denunciar, mas a minha porta está sempre aberta para receber todos os deputados".
Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, não gostou desse àparte de Ferro Rodrigues. Na sua interpelação à mesa, Magalhães disse que quando o assunto foi levado a conferência de líderes "o senhor Presidente [da AR] disse que era mau serviço à democracia, que não era nada consigo e ainda nos acusou de instrumentalizar a conferência de líderes".
Nós pedimos ao Presidente da República e o senhor interrompe a presidente do meu partido quando está a inquirir o senhor primeiro-ministro para dizer que tem a porta aberta. Desculpe que lhe diga, com toda a gentiliza, quem fechou a porta na cara a este Parlamento, ao CDS e ao PSD e às regras democráticas foi o senhor Presidente da Assembleia da República"
O partido mais à direita responsabiliza, assim, Ferro Rodrigues pelo mau ambiente no Parlamento. O presidente da AR respondeu apenas que o deputado "não desconhece" a separação de poderes.
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