África: mulheres e crianças pedem ajuda - TVI

África: mulheres e crianças pedem ajuda

«Mulheres estão a ser violadas em frente aos pais, aos filhos e aos maridos», conta uma sobrevivente de Darfur

A cimeira UE-África não acolheu em Lisboa apenas os lideres deste último continente, mas também histórias que denunciam a violação diária dos direitos humanos. Mulheres e crianças são as principais vítimas.

Enquanto uma sobrevivente de Darfur alerta que, neste preciso momento, «mulheres estão a ser violadas em frente aos pais, aos filhos e aos maridos», uma activista da organização «Save the Children» (Salvem as Crianças) explica que a mortalidade infantil atinge cinco milhões de africanos. Para estas tragédias serem evitadas, falta apenas a vontade política de travá-las, defendem.

«Estamos aqui para protestar contra a morte de 4,8 milhões de crianças em África todos os anos. Estas crianças morrem de causas que podem ser prevenidas, como diarreia e pneumonia», explica a britânica Claire Beston ao PortugalDiário junto à Gare do Oriente, a um relance do local onde se realiza a cimeira UE-África.

A activista diz que a taxa de crianças que morrem antes dos cinco anos é um problema global, contudo, salienta que «dos dez milhões de casos a nível mundial, 50 por cento acontece na África Subsaariana.

E deixa escapar uma indignação: «No século XXI é ultrajante que crianças morram nestas condições».

Para Beston, que está em Lisboa com outros elementos da organização, entre elas dois jovens etíopes, diz que «todos os líderes podem fazer a diferença, quer no seu país quer no resto do mundo».

Mchari Woldetensaie e Daniel Mukonen, ambos de 17 anos, assentem e dizem ao PortugalDiário que no seu país, para além do problema das crianças que morrem prematuramente, existe o das que vivem sem as condições mínimas. «Sem água, sem electricidade, sem escolas», aponta Daniel, num tímido inglês.

«Viemos esta cimeira para recordar aos líderes as promessas que fizeram e para as respeitarem», acrescenta Claire Beston.

Um inferno feminino no Sudão

Não muito longe do local da cimeira, Iklass Mohammed, uma activista dos Direitos das Mulheres e sobrevivente do drama do Darfur, alertou numa conferência de imprensa: «Mulheres são violadas à frente dos pais, dos filhos e dos maridos. Muitas são rejeitadas pela família. E muitas suicidam-se».

O Sudão foi também tema abordado pelo advogado activista Salih Osman, que vai receber esta segunda-feira o prémio Sakharov do Parlamento Europeu pelo trabalho a favor das vítimas da guerra civil na região de Darfur.

«Não estamos a falar só de genocídio. Estamos a falar de violações de mulheres perante os familiares. Estamos a falar de humilhação», disse, citado pela Lusa.

O do Zimbabué surgiram denúncias semelhantes pela boca do presidente da União Nacional de Estudantes do Zimbabué, Promise Mkwananzi, que relatou numerosas atrocidades cometidas no país. «Enquanto falo neste momento, activistas estão a ser presos e mal tratados», disse.

«Não há comida, não há água, não há electricidade, não há dinheiro», lamentou, citado pela Lusa, o representante dos estudantes, defendendo ser urgente a realização de «eleições livres e justas que ajudem a reconstruir o Zimbabué».
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