Fernando Gomes questiona sucesso de Rui Rio

O ex-presidente da câmara do Porto, Fernando Gomes, questionou esta quinta-feira o sucesso do executivo municipal liderado por Rui Rio, considerando que os portuenses poderiam viver em melhores condições, lamentando ainda as mentiras sobre a obra que fez na cidade.

«Se a gestão autárquica do Porto tivesse sucesso, os cidadãos do Porto viviam melhor», afirmou Gomes, numa entrevista ao programa Via Porto, do Rádio Clube.

«Inverdades e distorções»

Nesta entrevista, o ex-autarca socialista e actual administrador da GALP, que há anos não falava publicamente sobre estes temas, criticou ainda «as inverdades e as distorções do caminho para procurar tornear aquilo que antes foi feito».

«Se, de cada vez que se diz uma mentira ou se falta à verdade no Porto, eu tivesse de intervir, não fazia outra coisa», frisou.

O antigo presidente da câmara do Porto analisou ainda a actual situação do sector cultural na segunda maior cidade do país, considerando que existe «claramente um abrandamento da iniciativa pública municipal para puxar pelos agentes culturais do Porto».

Cultura: figuras do Porto «culturalmente apagadas»

«Se pensarmos na música, nas artes plásticas, no teatro, o Porto tinha as grandes figuras do país. O país culturalmente afirmativo estava no Porto, na Área Metropolitana e no Norte. Perdeu-se muitíssimo, essas figuras estão completamente apagadas», defendeu.

Quanto ao futuro, Fernando Gomes manifestou confiança num regresso dos socialistas ao poder, depois de «um período confuso na administração local no Norte do país, na Área Metropolitana e no Porto».

«Temos agora eleições autárquicas e quero crer que o PS já se refez dos custos deste tempo recente e que vai saber encontrar as condições necessárias para retomar a liderança no Porto, na Área Metropolitana e no Norte». Nesta entrevista, Fernando Gomes manifestou ainda a convicção de que «haverá regionalização».

«Não nos podemos esquecer que a falta de liderança política neste processo por parte do PS acabou por contribuir, na altura, para reforçar o Não e eu tenho a certeza que num futuro próximo isso não vai acontecer».

Regionalização: críticas à liderança do PS

Fernando Gomes recordou que, na ocasião do referendo, «a liderança do PS não tomou posição e o primeiro-ministro começou por ser um grande defensor da regionalização mas depois, na hora da verdade e face ao que se estava a passar no país, tomou uma posição dúbia e acabou por não defender publicamente a posição do PS de forma inequívoca».

Na perspectiva do ex-autarca, «isso contribuiu muito para a abstenção e para reforçar o Não».

«Hoje tenho a certeza que isso não acontecerá, porque a actual liderança do PS já afirmou que vai levar por diante esse projecto através de um referendo na próxima legislatura».

JF