PT/TVI: o que incomoda o PS - TVI

PT/TVI: o que incomoda o PS

Vitalino Canas, Osvaldo Castro e Ricardo Rodrigues insurgiram-se contra o questionário e não querem que a comissão de Ética seja uma base para o seu trabalho

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O Partido Socialista está disposto a esquecer tudo o que foi feito até agora na comissão de Ética e a começar do zero na comissão de inquérito à actuação do Governo na compra da TVI. Os outros grupos parlamentares entendem esta atitude como uma tentativa de «castração» desta comissão e recusam-se a alinhar nesta espécie de amnésia socialista.

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O problema centrou-se no questionário que servirá de base ao relator (João Semedo, do BE). Entre as 26 perguntas colocadas, os socialistas não gostaram de três: duas que ligam a suspensão do Jornal de Sexta da TVI e o afastamento de José Eduardo Moniz e uma que refere que Rui Pedro Soares foi o administrador escolhido para ultimar o negócio com a Prisa.

« Devemos evitar que os factos sejam antecipados, que haja uma inferência implícita. A princípio, estamos desde já a inferir a possibilidade de factos que não foram comprovados», argumentou Vitalino Canas (PS).

João Oliveira, do PCP, responsável pelas duas perguntas sobre o Jornal de Sexta e Moniz, defendeu que as suas questões não se baseiam em «hipóteses», mas em «factos», recordando que o ex-director da TVI revelou na comissão de Ética o seu encontro com Zeinal Bava em que discutiram o assunto. «Se estivesse atento à comissão de Ética, sabia...», comentou.

Já João Semedo relembrou que «o principal princípio da comissão é dar a inteira liberdade de qualquer deputado questionar o que bem entender a quem bem entender».

O PS reforçou a sua posição através do deputado Osvaldo Castro, que criticou as «perguntas impertinentes e sugestivas». «Pela maneira como se redige, há uma intenção capciosa. Isto não deve ser admissível. Acho que esta comissão deve ignorar o que se passou na comissão de Ética. O que aqui se vai passar é algo completamente diferente», afirmou.

O social-democrata Pacheco Pereira considerou «estranho» que os socialistas não tenham dito o mesmo na comissão de inquérito ao BPN. «Não pense que alguém se restringe de utilizar toda a informação disponível. A comissão de inquérito não vai ser castrada. Respeitamos a lei, mas não pensem que vamos prescindir de informação disponível que ajude a esclarecer os factos», avisou.

Vitalino Canas ainda reforçou a ideia, sublinhando que uma das perguntas «dá como certo» que Rui Pedro Soares foi a Madrid para finalizar a compra de parte da Media Capital, mas Pedro Duarte (PSD) lembrou desde logo que o presidente da PT Henrique Granadeiro já o tinha confirmado na comissão de Ética.

« Não contem que ignoremos o que já foi dito na comissão de Ética. Rui Pedro Soares disse que sabia da suspensão do Jornal de Sexta, por isso não vamos fazer essa pergunta. O PS que a faça», acrescentou João Oliveira, enquanto Pacheco Pereira insistia que com a argumentação do PS «nunca vamos sair do sítio».

Ricardo Rodrigues, do PS, juntou-se ao coro de vozes socialistas e sublinhou que «o PS não dá nada como provado». «Há deputados que entendem que há factos já dados como provados e estranham que o PS tenha dúvidas disso. Se não há dúvidas não sei porque estamos aqui. Ou tinham acabado tudo na comissão de Ética ou temos de ter total liberdade para investigar se os factos são ou não provados», referiu.

Os deputados acabaram por ceder à vontade do PS e dividiram as duas questões sobre o Jornal de Sexta e o afastamento de Moniz, para desta forma as duas situações não estarem desde logo ligadas na pergunta, e alteraram a pergunta sobre Rui Pedro Soares para dar hipótese às personalidades que vão ser ouvidas de negar que o administrador da PT tenha ido a Madrid ultimar o negócio.
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