Informações Militares «não tem pessoal» para enviar para o terreno - TVI

Informações Militares «não tem pessoal» para enviar para o terreno

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Dimil está muito dependente de «serviços estrangeiros», diz deputado Marques Júnior

A Divisão de Informações Militares (Dimil) é «o parente pobre» das informações em Portugal, «não tem pessoal» para enviar ao terreno e está muito dependente de «serviços estrangeiros».

Segundo noticia a Lusa, a descrição é do deputado do PS Marques Júnior, candidato e membro do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informação da República Portuguesa (SIRP), na audição na comissão parlamentar da Defesa Nacional, a 11 de Novembro, de acordo com a acta da reunião, a que a agência noticiosa teve acesso esta terça-feira.

Marques Júnior afirmou aos deputados que a Dimil «é o parente pobre, tanto em meios logísticos como em termos de consideração que os serviços de informação têm em relação a eles».

Ainda segundo o deputado, que já pertencia ao CFSIRP e agora se recandidata na eleição de quinta-feira, no Parlamento, para a NATO, a Dimil «tem poucos meios e as informações que produz não estão ao mesmo nível das que outros [serviços] fornecem».

O capitão de Abril lembrou, por exemplo, que a Divisão de Informações Militares não fez recolha de informações antes do envio de militares portugueses para o Líbano, em missão das Nações Unidas.

A Dimil faz parte do Centro de Operações das Forças Armadas, órgão na dependência directa do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e sucedeu, na década de 90, à DINFO (Divisão de Informações do EMGFA).

Para Marques Júnior, «deve ser dada particular atenção à relação entre o SIED (Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa) e a Dimil (...) para reforçar a colaboração entre estes dois serviços».

«A fim de produzirem um trabalho mais esclarecido e aprofundado», afirmou Marques Júnior, segundo a acta da reunião da comissão de Defesa, que decorreu à porta fechada.

O deputado socialista João Soares questionou Marques Júnior sobre como são obtidas as informações, por exemplo, no Afeganistão, «atendendo a que algumas podem ter sido obtidas sob tortura». «O que seria abominável», segundo João Soares.

Marques Júnior respondeu que, não tendo o conselho capacidade para fazer esse tipo de fiscalização, «não pode assegurar que as informações que vêm do estrangeiro tenham sido obtidas de forma adequada».

O deputado salvaguardou, contudo, que «a informação de que dispõe é de que não viola direitos, liberdades e garantias».

Eleição marcada para quinta-feira

A eleição dos três membros do CFSIRP - Marques Júnior, que é reconduzido e deverá ser o coordenador, e Pedro Gomes Barbosa (PS) e Teresa Morais (PSD) - está agendada para quinta-feira, na Assembleia da República.

O novo regimento obriga à audição dos candidatos a órgãos exteriores à Assembleia da República nas comissões respectivas - no caso, Assuntos Constitucionais e Defesa Nacional.

O CFSIRP tem por objectivo fazer a fiscalização dos dois serviços do SIRP - Serviço de Informações e Segurança (SIS) e SIED - a que se junta também a Dimil.
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