Soares e Sampaio pedem «bom senso» e «compromissos» para superar crise - TVI

Soares e Sampaio pedem «bom senso» e «compromissos» para superar crise

Antigos presidente receberam a distinção de doutores «Honoris Causa» com Ramalho Eanes na Universidade de Lisboa

Mário Soares e Jorge Sampaio lançaram esta segunda-feira um apelo ao «bom senso» e à importância de «estabelecer compromissos» para fazer frente à crise que Portugal enfrenta actualmente.

As declarações dos dois antigos Presidentes da República foram feitas durante uma cerimónia académica em que foram distinguidos, juntamente com Ramalho Eanes, como doutores «Honoris Causa» pela Universidade de Lisboa.

À chegada à universidade, Eanes dissera aos jornalistas que, sobre a crise, todo o país deveria assumir responsabilidades. «Entendo que o país não pode dizer que culpa não tem nesta situação. Culpa temos todos, nomeadamente o país da sociedade civil», disse.

Sobre este tema, tanto Sampaio como Soares reservariam as suas observações para o discurso que proferiram, durante a cerimónia académica, numa mensagem claramente enviada ao Governo e aos partidos da oposição.

«Sina histórica»

O primeiro a apontar a receita para a crise foi Mário Soares: «Temos de a ultrapassar. Em primeiro lugar, lutando contra o derrotismo e o desânimo. Depois, confiando em Portugal e nos portugueses. Acredito que o bom-senso entre os partidos e os parceiros sociais prevaleça. É fundamental que assim aconteça. E, depois, pensemos sempre, que atrás de tempo, tempo vem».

Pouco depois, Jorge Sampaio também reservaria parte da mensagem que levou à Aula Magna a analisar uma crise que disse ter nascido «no estrangeiro», mas que, realçou, «choca com os nossos velhos, por vezes excessivamente velhos, problemas estruturais e fragilidades internas, empurrados para a situação de emergência financeira e endividamento externo, que parecem sina histórica».

«De novo nos encontramos perante as nossas repetidas circunstâncias», apontou o antigo Presidente, defendendo a necessidade de uma «mobilizadora estratégia de estabilidade, solidez e credibilidade do Estado».

Apesar do olhar crítico, Jorge Sampaio disse acreditar «nas capacidades de um país verdadeiramente mobilizado». «Mas, para tanto, será indispensável definir e explicar todos os dias prioridades, incrementando políticas voltadas para o longo prazo, que superem interesses e divisões conjunturais, sem esquecer das linhas essenciais da solidariedade social».

Numa mensagem, inequívoca, com a recente crise gerada pela discussão relativa ao Orçamento de Estado como chave de leitura, o ex-chefe de Estado sentenciou: «Importa estabelecer os compromissos políticos que a situação, inevitavelmente, exige».
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