Se governo grego "não acreditar no processo é difícil que outros acreditem" - TVI

Se governo grego "não acreditar no processo é difícil que outros acreditem"

Passos Coelho [Lusa]

Passos Coelho não quis comentar a entrevista do seu homólogo grego, mas percebe que ele tenda a apresentar uma explicação política

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O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou esta quarta-feira que se o Governo grego, que vai conduzir as reformas, não acreditar nesse processo "tornar-se-á progressivamente difícil que os outros acreditem que elas vão ser realizadas".

Em declarações aos jornalistas na Câmara do Porto, o primeiro-ministro foi questionado sobre a recente entrevista do líder do Governo de Atenas - na qual Tsipras disse não acreditar no acordo - alertando Pedro Passos Coelho que "se esse espírito espelhado na observação do primeiro-ministro grego for uma constante desses três anos [do programa] evidentemente que isso não é um bom sinal".

"Se o próprio Governo que vai conduzir o processo de reformas que precisam de ser feitas não acreditar nesse processo, tornar-se-á progressivamente difícil que os outros acreditem que elas vão ser realizadas", sublinhou.


Passos Coelho começou por dizer não querer comentar as palavras de Tsipras, uma vez que "o compromisso a que se chegou envolveu todos os países da zona Euro, incluindo a Grécia", mas afirmou perceber que o primeiro-ministro grego "tenha necessidade de apresentar uma explicação política para o que aconteceu e para o facto de ter dado o seu acordo a um compromisso global que o envolveu a ele".

"Nós dissemos que se não houvesse a reconstrução de condições de confiança o programa não iria funcionar. Os programas são dos países, se eles não se apropriam dos seus objetivos é muito difícil que os outros acreditem que eles vão ser cumpridos e eu espero que seja esse o espírito que o Governo grego vai evidenciar", avisou.

Na terça-feira, o diretor-geral adjunto do FMI defendeu que a Grécia precisa de um alívio na dívida pública, no mesmo dia em que foi divulgado um relatório que sugere uma extensão dos prazos de pagamento por 30 anos.

Questionado sobre este tema, o primeiro-ministro recordou que "a diretora do FMI na cimeira da Zona Euro já tinha dado a entender que a sustentabilidade da dívida grega dependeria ou de um perdão de dívida que é sabido os credores oficiais não querem fazer (…) ou então teria que se conceder condições excecionais para que a Grécia pudesse não ter um serviço de dívida demasiado pesado".

"Não há, em bom rigor, nenhuma novidade nessa matéria. Aquilo que acontece vai ao encontro da avaliação que no Eurogrupo já tinha sido feita e que foi feita também no seio da cimeira da zona Euro", considerou.

Passos Coelho referiu ainda que, segundo o acordado, "no final de uma primeira avaliação completa e positiva, será iniciado um trabalho que visa oferecer à Grécia condições de pagamento dessa dívida que ajudem a Grécia a ser um pagador credível".

O chefe de Estado elencou que isso envolverá a possibilidade de estender as maturidades dos empréstimos, um perfil de pagamentos diferente e eventualmente condições favoráveis - como a Grécia já tem para os empréstimos anteriores - de carência de juros.


Passos (não) responde a Costa


Sobre as declarações proferidas pelo secretário-geral do PS, António Costa, que disse que para o primeiro-ministro "o engano é uma espécie de vício", Passos Coelho escusou-se a comentar porque não tenciona "responder na mesma moeda".

"Acho que devemos manter o debate político a um nível diferente daquele que alguns partidos tentam fazer e portanto não vou comentar. Não vou responder", reiterou.
 
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