Governo admite passagem de 56 voos da CIA - TVI

Governo admite passagem de 56 voos da CIA

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De Julho de 2005 até Dezembro do ano passado passaram por Portugal mais de 50 aviões que vinham ou iam para a base norte-americana de Guantánamo. Deputado acusa Governo de conivência e diz: «A única conclusão possível é que Portugal continua a ser conivente»

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A confirmação foi recebida no Parlamento, pelo PCP, através de uma lista enviada pelo Ministério das Obras Públicas, responsável pelo controlo do tráfego aéreo nacional e apresenta dados claros: de Julho de 2005 até Dezembro de 2007, passaram pelo espaço aéreo português 56 voos que vinham ou iam para a base norte-americana de Gunatánamo.

Segundo avança o Jornal de Notícias, e tendo em conta os últimos voos, de 28 de Dezembro de 2007, «a única conclusão possível é que subsiste a utilização do espaço aéreo português sem qualquer tipo de controlo», disse Jorge Machado ao matutino.

Segundo a nota do Ministério das Obras Públicas, a maioria dos voos são militares, não tendo, por isso, sido verificada a carga, passageiros ou missão de cada um dos voos. Contudo, recorda o JN, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas do Amaral garantiu, no Parlamento, que qualquer voo militar que passe por espaço aéreo português tem que ter uma autorização do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou do Ministério da Defesa, com a caracterização do que transporta».

Para o deputado comunista Jorge Machado, «se o Governo não os fiscalizou foi porque não quis. Deviam ter sido feitas inspecções, até porque havia fortes indícios de que transportavam prisioneiros para Guantánamo».

Continuam a passar voos, acusa deputado

Em declarações à agência Lusa, o deputado do PCP Jorge Machado acusou hoje o Governo de conivência na passagem por Portugal de aviões norte-americanos com destino a Guantanamo, considerando que todos os voos de e para aquela base norte-americana deviam ser fiscalizados.

«A única conclusão possível é que Portugal continua a ser conivente, por acção ou por omissão, não obstante a denúncia pública e o escândalo» em torno do alegado transporte ilegal de suspeitos de terrorismo para aquela prisão norte-americana, disse Jorge Machado.

Para o deputado comunista, não restam dúvidas de que continuam a passar por Portugal voos de e para Guantanamo sem que se conheça qualquer acção do Governo para fiscalizar esses voos.

Jorge Machado considera que todos estes voos deveriam ser considerados «suspeitos e alvo de investigação e fiscalização» por parte de Portugal.

Apela ao Governo para que dê «informação clara» sobre este assunto e «utilize todos os mecanismos nacionais e internacionais para fiscalizar» os aviões no sentido de «impedir voos associados à actividade criminosa da CIA».

«Primeiro não havia voos, agora há voos, mas o Governo diz que desconhece o conteúdo. Era bom que o Governo abrisse o jogo. O Governo não sabe porque não quer saber», defendeu Jorge Machado.
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