«Se houve atentado em Camarate, não foi contra Sá Carneiro» - TVI

«Se houve atentado em Camarate, não foi contra Sá Carneiro»

António Capucho

Social-democrata morreu há 31 anos

António Capucho disse, no sábado, em Anadia, que, «se houve atentado em Camarate, não foi contra Sá Carneiro», porque não estava previsto o fundador do partido ir no avião que se despenhou em 1980.

O social-democrata falava como orador convidado da conferência «Sá Carneiro, o Homem e o Político», organizada pelo PSD de Anadia na véspera da passagem de 31 anos sobre a morte de Francisco Sá Carneiro, a 4 de Dezembro daquele ano.

«Reuníamos frequentemente num restaurante e almoçámos lá no dia em que morreu. Não era suposto ele ir para o Porto, mas sim fazer campanha em Setúbal, só que, como a Helena Roseta [então destacada militante do partido] tinha retomado a campanha eleitoral e ia estar em Setúbal, entenderam ser melhor ele ir ao Porto», contou.

«Tinha bilhete na TAP e Adelino Amaro da Costa [ministro da Defesa] é que lhe disse que também ia para o Porto. O Patrício Gouveia [chefe de gabinete do primeiro-ministro] disse-lhe que não ia porque o avião tinha vindo do Algarve já com problemas, mas ele [Sá Carneiro] quis ir com o Adelino para combinar as coisas», descreveu, acrescentando que «só muito tarde é que ambos decidiram ir juntos na fatídica avioneta».

António Capucho disse não acreditar na tese de atentado contra o primeiro-ministro, considerando que «não se prepara em poucas horas uma sabotagem». Mais plausível seria, no seu entender, a possibilidade, levantada por Freitas do Amaral, de que o atentado tivesse por alvo o ministro da Defesa, para evitar revelações sobre alegados desvios do Fundo de Defesa do Ultramar.

«A propósito do Fundo, Adelino Amaro da Costa explicou-me que eram milhões desbaratados», comentou António Capucho.

Sobre a acção política de Sá Carneiro, António Capucho recordou a sua «persistente exigência, desde 1974, de realização de eleições autárquicas, que fez nascer o poder local democrático».

Por outro lado, sublinhou o quadro de estabilidade política em que o PSD e o CDS estão a governar: «Este ano foi possível o principal objectivo que Sá Carneiro pretendia - uma maioria, um governo e um presidente, não como fim em si mesmo, mas para melhorar a qualidade de vida do povo português».
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