Fernando Negrão assume que o PSD está "num processo de transformação", o que traz sempre "algumas convulsões e dificuldades", mas considera que tem "legitimidade" para ser líder da bancada do PSD, mesmo tendo tido apenas 35 votos favoráveis entre 89 deputados.
Tenho condições para assumir a responsabilidade de presidente do grupo parlamentar (...) Eu não estava alheio e sabia que se poderia refletir na votação. [Mas] não saio daqui enfraquecido, estes votos não estão muito longe da minha estimativa"
O social-democrata entende que juntando os 35 votos favoráveis e os 32 brancos - que considera que dão "o benefício da dúvida", tem "condições para assumir liderança". Lamentou a atitude "eticamente condenável" de dois dos apoiantes da sua lista (que tinha 37 elementos) terem acabado por não votar a favor.
Assumi a minha responsabilidade de me candidatar o que não aconteceu com mais nenhum deputado. E isso também me leva a considerar que tenho legitimidade. (...) Eu aceitei ser a cara da mudança política do PSD. A reação está aqui"
Antes de falar aos jornalistas sobre os resultados, Fernando Negrão conversou com Rui Rio que, segundo o deputado, lhe disse que se considerava que tinha condições de assumir a liderança, que avançasse.
Sobre se tem receio que a votação possa ser impugnada, Negrão respondeu aos jornalistas que é "jurista" e está "habituado" a essas questões.
Há duas interpretações relativamente a estes resultados, tendo em conta o regulamento da bancada parlamentar do PSD. Há quem considere que, para ser eleito legitimamente, Fernando Negrão deveria ter 50% dos votos mais um, ou seja, neste caso, 45 votos. Há quem considere que precisaria apenas de um voto. Porém, a ata entregue aos jornalistas, refere que o deputado foi eleito.
Dos 89 deputados, houve um que não votou: Pedro Pinto, da distrital de Lisboa, por discordar de eleições neste momento. Os outros deputados que estiveram ausentes da sessão, votaram à distância, por e-mail ou por fax.
Facto é que esta foi uma eleição com uma votação favorável muito baixa, para o que é habitual no PSD. Na última eleição, por exemplo, Hugo Soares teve 85,4% dos votos. Ou seja, nem metade dos deputados social-democratas se mostram favoráveis a Negrão como líder de bancada.