Assis: «Cavaco coopera de forma íntima com o Governo» - TVI

Assis: «Cavaco coopera de forma íntima com o Governo»

Candidato derrotado nas eleições do PS esquece divergências com Seguro e prefere atacar o Executivo de Passos Coelho e até o Presidente da República. E pede aos socialistas para se «orgulharem» do «legado» de José Sócrates

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Francisco Assis foi ao palco do congresso em Braga para apresentar a sua moção - «A Força das Ideias» -, concorrente à de António José Seguro, mas afinal foram as críticas ao Governo, e até ao Presidente da República, que uniram o discurso dos ex-adversários nas directas do PS.

O candidato derrotado assume como prioridade «assentar o discurso político dos próximos anos justamente nos temas» destacados pelo líder, Seguro, no discurso de sexta-feira, que muito elogiou.

Sublinhando que o Executivo de Passos Coelho tem uma maioria com «condições invulgarmente favoráveis para a concretização dos seus projectos políticos» e com «estabilidade» assegurada, Assis atacou o posicionamento de Cavaco Silva.

«O Governo parece contar com a cooperação activa e até íntima do Presidente da República, que tem feito variadíssimas declarações de apoio a esta linha de orientação, aliás, contrastante com o seu posicionamento na fase final do período anterior de governação do PS», afirmou.

O ex-líder parlamentar socialista acusa a maioria de ter «começado mal», apontando uma «falha moral» a PSD e CDS: «É que antes de chegar ao poder, e com o único intuito de nos afastar da governação, a maioria fez um relato da situação e assumiu um conjunto de compromissos que sabia que não estaria em condições de realizar».

Segundo Francisco Assis, a «via liberal e desumana» não pode ser o «único caminho». «O Governo quer aproveitar esta crise para deslegitimar a necessidade de intervenção do Estado, de serviços públicos poderosos e fortes, para caminhar absolutamente no sentido da privatização excessiva», denunciou.

Por isso, para o candidato derrotado, «aumenta a responsabilidade do PS», com uma «oposição firme, responsável e contundente» e a necessidade de «clareza na linha política alternativa para a governação deste país».

«Este caminho não é o nosso. Contrariamente aos partidos irresponsáveis, temos de ter propostas sérias e credíveis», avisou.

«Orgulho» no legado de José Sócrates

Homem de confiança do ex-primeiro-ministro, Assis alertou que os socialistas não podem «aderir» ao «relato» que a direita faz dos últimos seis anos de governação PS, nem fazer um «discurso de cedência».

«Não aceitamos a versão histórica recente que a direita nos quer impor. O legado de seis anos de governação do PS não é o do de défice, da dívida e do desemprego», disse, exemplificando com o «esforço sério» do último Governo na «qualificação», na escola pública, na ciência, na inovação tecnológica, sem se «render» às circunstâncias e «lutando na adversidade».

«Temos de nos orgulhar todos desse legado», apontou.

«Podes contar comigo»

Francisco Assis apresentou algumas das suas propostas, defendendo «acções concretas para dinamizar a actividade económica», «sem desistir do esforço de qualificação dos portugueses e do território».

A «preocupação central» do PS, diz, deve ser a classe média, para evitar uma «cisão histórica» na sociedade. Com a «economia no centro das preocupações», mas a continuidade do Estado Social, o ex-líder parlamentar pediu ao partido para entrar no «confronto dos projectos políticos» e «relançar o debate».

«O núcleo fundamental da nossa acção deve centrar-se em não nos resignarmos a um país pobre. Temos vontade ir contra a corrente», declarou.

Para o ex-adversário Seguro, Assis prometeu «encerrar» o processo hoje. «Quero servir o PS. Podes contar comigo, podes contar connosco. Os portugueses não estão à espera que os socialistas se ataquem uns ao outros, esperam que os socialistas se unam para construir uma alternativa», afirmou.

Sem esclarecer qual será o seu futuro no partido, referiu apenas que estará «ao lado» da nova liderança, «a lutar pelo PS».

O seu discurso, que durou muito mais do que o previsto, foi aplaudido de pé pelos delegados e militantes.
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