Camarate: esclarecimentos de Eanes são importantes, mas incompletos

Freitas do Amaral considerou que os esclarecimentos dados esta segunda-feira, ao Diário de Notícias, pelo ex-presidente da República Ramalho Eanes sobre o Fundo de Defesa Militar do Ultramar, nos anos 80, «são importantes mas não são completos», de acordo com a agência Lusa.

«Os esclarecimentos prestados pelo general Ramalho Eanes são importantes, mas não são ainda completos. Quando conhecer o meu livro, vai verificar que há dezenas de questões em aberto e que têm de ser explicadas e justificam por si só uma investigação», afirmou o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, na apresentação, em Lisboa, do seu livro «Camarate - Um caso ainda em aberto».

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes afirmou que o Fundo de Defesa Militar do Ultramar tinha «uma contabilidade rigorosa» e os comprovativos do seu uso existem «porque sempre as Forças Armadas documentaram as suas despesas».

Num texto publicado no jornal Diário de Notícias, na sequência de questões levantadas por Freitas do Amaral no seu livro, Ramalho Eanes escreveu que o fundo foi extinto, em 1980, por sua iniciativa, enquanto Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, e que nunca serviu para comprar ou vender armas.

Sobre fundo, Freitas do Amaral sublinhou que o relatório que a Inspecção Geral das Finanças fez, em 2004, para a oitava comissão de inquérito revela que o fundo tinha uma conta aberta no Banco Nacional Ultramarino, cujos movimentos «estão devidamente registados» na contabilidade oficial.

«Porém, e isto está nas conclusões da oitava comissão, havia mais duas contas que estavam em nome de membros individuais do conselho de gerência, que eram movimentadas por cada um deles com movimentos de muito mais dinheiro do que a conta oficial tinha e de cujos movimentos não aparece um único traço na contabilidade oficial do Fundo», frisou.