PSD pergunta a Sócrates: «O que correu mal?» - TVI

PSD pergunta a Sócrates: «O que correu mal?»

Sócrates no Estado da Nação

Miguel Macedo recorda que aquando do PEC, Governo disse que as medidas eram as suficientes. Sócrates acusa PSD de «não agir em defesa dos interesses nacionais»

Durante mais de 20 minutos, o debate quinzenal no Parlamento travou-se exclusivamente entre o primeiro-ministro José Sócrates e o líder parlamentar o PSD, Miguel Macedo.

Sócrates acusa o principal partido da oposição de «não agir em defesa dos interesses nacionais», ao ameaçar não aprovar o Orçamento do Estado. Já do lado do PSD, a pergunta era sempre a mesma: «Quando foi aprovado o PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) disse que aquelas eram as medidas necessárias e suficientes e agora volta a pedir novos sacrifícios. O que correu mal».

«Este debate deve começar pelo princípio, que é a execução do Orçamento do Estado de 2010. Devia começar por explicar o que correu mal», começou por dizer Miguel Macedo, depois de garantir que sobre o OE2011, o partido falará quando ele for apresentado no Parlamento.

«O senhor é politicamente responsável perante a Assembleia da República e perante o país. Tem de dizer o que correu mal. O que está diferente desde que o PEC foi aprovado», afirmou Miguel Macedo, recordando que o documento previa «uma poupança de 2,8 por cento do PIB» e acusando Sócrates de falar agora como se fosse «politicamente inimputável».

Na resposta, o primeiro-ministro afirmou que em relação ao orçamento de 2010, a resposta «consta do boletim de execução orçamental da Direcção-Geral do Orçamento». «As receitas estiveram acima do esperado e a despesa baixou», garantiu Sócrates. «Todos se lembram que este ano congelamos os salários da Função Pública, isso não é agir do lado da despesa? E as novas regras no Rendimento Social Inserção? Não é agir do lado da despesa?», questionou.

«É preciso criar confiança»

O primeiro-ministro afirmou que «é preciso gerar confiança», quer a nível nacional, quer a nível internacional. «Era necessário eliminar incertezas que algumas agências internacionais tinham sobre a determinação do Governo em ultrapassar as dificuldades e assumir os compromissos».

O primeiro-ministro acusou então o PSD de não contribuir para gerar essa «confiança». «O PSD não sabe o que é que vai fazer: se vota, se viabiliza, se está do lado da responsabilidade».

«Eu não percebi o que vão fazer. Ninguém percebeu. Essa capacidade de criar confiança não se ganha com a incerteza», afirmou, acusando depois: «Pensar em não aprovar o orçamento não transmite confiança ao país e aos mercados internacionais. É agir contra o interesse nacional».

«Será que contribui para a confiança ameaçar com a crise? E logo no Verão ameaçar não aprovar o OE? E a recusa de negociação prévia com o Governo?», questionou Sócrates.

«Credibilidade e confiança é cumprir o que se promete aos eleitores, cumprir os compromissos internacionais», afirmou Miguel Macedo na resposta. «Que credibilidade tem um primeiro-ministro que há quatro meses disse que as medidas eram suficientes e agora apresenta mais?»

«Disse que não aumentava impostos e aumentou. Voltou a dizer que não aumentava mais, e voltou a aumentar», disse ainda Miguel Macedo. «Não se recorda da promessa de que nunca deitaria mão a receitas extraordinárias?», questionou, recordando agora o recurso ao Fundo de pensões da PT.

«Orçamento de 2009 foi eleitoralista»

Miguel Macedo afirma que um dos motivos para o país estar nesta situação financeira foi o facto de Sócrates ter apresentado em 2009 «um orçamento eleitoralista».

Acusou o Governo de «falta de controlo absoluto sobre a questão da despesa, do endividamento, regabofe orçamental. Os portugueses estão até à ponta dos cabelos com estas politicas sem ver resultados para a política de controlo orçamental», afirmou.

«O orçamento de 2009 foi o da grande crise económica», respondeu Sócrates, dizendo que foi «igual ao dos outros países, para ajudar as famílias a ultrapassar o ano mais difícil dos últimos 80 anos».
Continue a ler esta notícia