Voos da CIA: «PM é responsável» - TVI

Voos da CIA: «PM é responsável»

Ana Gomes aponta o dedo a Sócrates e ao MNE. Em chat no PDiário, antes de se reunir com PGR, eurodeputada lamenta que PS não tenha encabeçado investigação e diz que atitude fragiliza o país. Veja a entrevista

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Respondeu aos leitores em directo e não se coibiu às perguntas mais difíceis. A polémica eurodeputada socialista não tem dúvidas de que o «Governo é responsável» pela forma como o dossier dos voos da CIA tem sido conduzido e aponta o dedo ao primeiro-ministro, José Sócrates, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.

Antes de se reunir com o Procurador-Geral da República, veio ao PortugalDiário falar, pela última vez, sobre o polémica dossier que a tem antagonizado do próprio partido que representa no Parlamento Europeu.

Crítica quem a considera anti-patriota e diz que «quem esconde debaixo do tapete» esta matéria «é que arrasta o nome de Portugal na lama». «Responsabilizo o ministro dos Negócios Estrangeiros por não ter dado seguimento a este processo. E responsabiliza o primeiro-ministro e todo o Governo». Desta situação, «o país sai fragilizado», em vésperas da presidência portuguesa da União Europeia.

«Eu não sou anti-patriota: esse é um argumento salazarento, que coloca mal Portugal. O Governo do meu país tem uma atitude estúpida ao encobrir o caso». Ana Gomes está certa que todos os dados serão revelados, até pelas autoridades norte-americanas, que já começam a investigar processos de prisioneiros que estiveram detidos, «sem qualquer acusação formal», em Guantanamo. «Esta é apenas a ponta do iceberg», garante a eurodeputada, acrescentando que «durante o Governo de José Sócrates há registo de 24 voos que passaram por território português». A socialista não tem dúvidas de que o processo ficou consolidado nos governo de Durão Barroso e Santana Lopes, mas não iliba a responsabilidade do seu partido na matéria.

Frisando que sempre actuou com «total lealdade com o PS e com o Governo, dando todos os alertas - em conversas privadas, reuniões internas e nas jornadas parlamentares -, refuta quem a acusa de pôr os holofotes em Portugal e de sobrevalorizar a questão. «É preciso assumir o que se passa, mesmo que seja no tempo da governação socialista. Não podemos ser postos no mesmo saco dos que querem encobrir» esta questão, que «atenta contra os direitos humanos».

Ana Gomes garante ainda que não foi por falta de informação que o Governo não actuou, explicando que ela própria enviou para o MNE todos os dados que tinha ao seu dispor. «Não houve uma única comunicação que não eu tivesse mandado para o ministério. Quem forneceu ao Governo a lista do Eurocontrolo fui eu».

Questionada sobre se pondera pedir a demissão do ministro Luís Amado, Ana Gomes afirma que «é o primeiro-ministro que deve fazer esse julgamento», mas avisa que a posição de Portugal na Europa está fragilizada.
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