Falando num jantar-comício em Aveiro, para apresentar Miguel Viegas como cabeça de lista da CDU, Jerónimo Sousa rejeitou a “manobra” de utilizar as sondagens para condicionar o voto, chamando a atenção para as leituras que são dadas aos resultados.
“Montam um cenário, que é uma farsa, com a ideia do empate técnico e da bipolarização, atribuindo à direita 35% das intenções de voto, mas falta dizer que há quatro anos PSD e CDS juntos tinham mais de 50% e que vão levar uma banhada. O que as sondagens mostram é a derrota da direita e o isolamento social dos partidos do governo, pelo mal que fizeram ao país.”
Segundo Jerónimo Sousa, o legado que PSD e CDS deixam dos quatro anos no poder é um país “mais endividado (que devia 170 mil milhões de euros há quatro anos e a dívida hoje chega aos 220 mil milhões), com mais desemprego (1,2 milhões de desempregados), mais pobres (800 mil pessoas em risco de pobreza) e em que 10% da população ativa teve de emigrar.
“Vão dizer que estamos no bom caminho, quando está escrito no programa de estabilidade que pretendem cortar mais 600 milhões de euros na Segurança Social e 370 milhões das despesas com Saúde e Educação.”
Se, para o secretário-geral do PCP nada de novo é de esperar da coligação no poder, o PS “nas questões de fundo, ou não responde, ou responde mal”, pelo que só “uma política patriótica de esquerda”, protagonizada pela CDU, é a alternativa.
“O PCP há quatro anos propôs a renegociação da dívida e, como se vê, com um crescimento de 1,5% e juros a 3% a dívida aumenta exponencialmente, mas o PS nada diz sobre renegociação.”
Quanto à redução do défice imposta pelo Tratado Orçamental, o líder do PCP diz que “António Costa foge ao problema, afirmando que o PS faz uma leitura inteligente (do Tratado), mas quando confrontado diz que não está dentro da máquina fiscal para resolver”.
No que respeita à Segurança Social, o PS quer “aumentar a idade da reforma e o plafonamento, para ficar uma Segurança Social dos pobrezinhos para pobrezinhos, e baixa a taxa social para os trabalhadores, esquecendo-se de dizer que depois terão uma reforma miserável”.
Por isso, conclui que nas próximas eleições legislativas “não chega derrotar o governo da direita, é preciso derrotar a política de direita, o que passa pelo reforço do peso eleitoral da CDU".