«Valeu a pena pedir a demissão»

O presidente e líder do PSD/Madeira diz que «valeu a pena pedir a demissão» há um ano, enquanto que quase toda a oposição madeirense considera que «nada mudou» e a situação regional até se agravou, escreve a lusa.

Alberto João Jardim destacou que a sua atitude serviu para «alertar e virar a opinião pública nacional», acrescentando que «depois disso os portugueses estão muito mais críticos com José Sócrates», tornou possível «demonstrar que ele é derrotável» e permitiu «realizar o programa do governo até final de 2011».

Também o deputado do PSD/M Jaime Ramos fez à agência Lusa «um balanço positivo deste último ano, pois os objectivos traçados aquando da demissão se mantêm vivos» e salienta que «os problemas que estão por resolver são estruturais, sendo necessária vontade política por parte do Estado».

Os partidos da oposição madeirense, com excepção do MPT, são unânimes na opinião que as eleições legislativas antecipadas na Madeira, a 6 de Maio de 2007, não atingiram os seus objectivos.

Alberto João Jardim, a Madeira e o... Kosovo

Para o presidente do PS/M, João Carlos Gouveia, «um ano depois, todos reconhecem que o governo não governa porque está governando apenas por uma minoria e já não tem condições, nem recursos para desenvolver iniciativas enquadradas no desenvolvimento social».

«Hoje estamos numa situação terrível do ponto de vista financeiro, económico e social, quando Alberto João Jardim dizia que prolongando o seu mandato por mais quatro anos resolvia os problemas», apontou.

Má decisão

Também o líder do CDS/PP-Madeira, José Manuel Rodrigues, destaca que «as eleições não serviram para absolutamente nada e a demissão do presidente do Governo Regional foi uma má decisão».

Acrescenta que «a demissão do presidente do governo e líder do PSD terá sido uma boa decisão do ponto de vista partidário, para o PSD/M alcançar um melhor resultado eleitoral do que aquele que tinha, e veio permitir até que governe mais algum tempo e possa reprogramar as obras que tinha prometido ao eleitorado».

«Passado um ano, a verdade é que o estado da região é bem pior do que era há doze meses. Está instalada uma crise económica e social e temos um governo paralisado», concluiu.

«Eu gostava de dizer que valeu a pena», declarou à Lusa o deputado e dirigente do PCP/M, Leonel Nunes, acrescentando que «a situação está pior».

Sustenta que «Alberto João Jardim fez mal as contas», não conseguiu alterar a política do governo central em relação à Madeira e só tomou essa decisão para «ganhar tempo», pois sabia que «o povo o iria penalizar».

Por seu turno, Paulo Martins do Bloco de Esquerda aponta que «a decisão foi apenas uma maneira de conseguir reforçar-se nas urnas, evitar o declínio constante a que estava a ser submetido, tendo o pretexto sido dado pelo Governo da República, com a Lei das Finanças Regionais, obteve a maior maioria de sempre».

«Mas nada mudou nesta terra, está tudo pior», declarou.

Segundo Baltasar Aguiar do PND, «há um ano a Madeira encontrava-se numa gigantesca crise económica, Jardim percebeu que o cerco era grande e pediu mais quatro anos».