Soares: «Havia muita gente no PS a ganhar dinheiro» - TVI

Soares: «Havia muita gente no PS a ganhar dinheiro»

Mário Soares (Miguel A. Lopes/Lusa)

Ex-Presidente da República fala na oportunidade de o partido reflectir e não repetir erros cometidos nos últimos governo. Elogios a Sócrates e Passos Coelho. Críticas a Cavaco Silvs

Mário Soares é muito crítico de alguns sectores do Partido Socialista, nomeadamente durante os anos de Governo de José Sócrates e até António Guterres. Apesar de elogiar Sócrates, o histórico líder coloca o dedo na ferida e diz que o regresso à oposição deve ser oportunidade para reflexão.

«Havia muita gente dentro do PS que pensava que o partido era uma coisa boa para se estar e para se poder ganhar dinheiro. Esta coisa de um partido estar muito tempo no poder, aquilo foi-se deteriorando um pouco. Houve situações difíceis. Falo nestes seis anos e também nos de [António] Guterres», disse, em entrevista à «Antena 1».

Soares considera, ainda, que a influência da terceira via britânica, de Tony Blair, foi prejudicial ao partido: «O PS deixou-se levar muito pelo blairismo, isso foi a grande desgraça dos socialistas europeus».

Ainda assim, há elogios para José Sócrates, de quem tem esperança. «Parece que Sócrates quer agora fazer uma cura cultural em França, na área da filosofia política. Vai amadurecer. É uma pessoa corajosa, que se atira para a frente, mas tem uma ponta de irritabilidade. E tem de curá-la».

Soares também elogia Passos Coelho, mas antevê dificuldades. Diz mesmo ser seu «amigo», mas não íntimo. «Tenho simpatia e estima por ele, é um homem de boa-fé, embora não goste de certas ideias que ele tem tipo neoliberal. Como solução, acho que as privatizações vão ser uma desgraça», frisou, alertando a coligação de Governo: «Vão existir muito dissabores até ao fim do ano, quanto mais até ao fim [da legislatura]».

Crítico dos ataques constantes à União Europeia, considera que a sociedade portuguesa tem de estar atenta em tempos de crise. «Estou a ver a sociedade portuguesa e estou a ver a aflição. Não basta dizer que isto está mal, isto vai ser muito grave, que temos todos de ter muito cuidado, como o Presidente da República fez ¿ isso é pouco», vincou, aproveitando para sublinhar o facto de Cavaco Silva ter dito «pouco» sobre a situação actual do país.
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