Escutas: Santos Silva atribui ataques a quem não aceitou derrota - TVI

Escutas: Santos Silva atribui ataques a quem não aceitou derrota

Pacheco Pereira diz que «é mais grave manter a situação presente do que haver novas eleições»

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Augusto Santos Silva e José Pacheco Pereira estiveram esta quarta-feira frente-frente no Jornal Nacional da TVI onde debateram a polémica em torno da divulgação das escutas referentes ao processo Face Oculta, o alegado envolvimento de José Sócrates e a liberdade de expressão em Portugal. O ministro da Defesa considerou que os ataques ao primeiro-ministro vêm de quem ainda não aceitou a derrota eleitoral. Já o deputado do PSD afirmou que «mais cedo ou mais tarde, é mais grave manter a situação presente do que haver novas eleições».

Pacheco Pereira não defendeu de imediato a demissão do primeiro-ministro mas sustentou que ainda há muito por explicar. «José Sócrates tem que esclarecer muita coisa. Tem que haver um esclarecimento do PM em relação a todos os casos que o envolvem directamente ou ao Governo (...). Aliás, estando o primeiro-ministro metido em alguma coisa nunca há esclarecimento, nunca se vai até ao fundo. (...) Se se verificar que o primeiro-ministro esteve envolvido numa tentativa de condicionamento e manipulação da comunicação social (...) nesse caso a primeira obrigação é que o PS mude o seu secretário-geral».

«Este é um problema, que mais cedo ou mais tarde, é mais grave manter a situação presente do que haver novas eleições», disse.

Já Santos Silva considera que José Sócrates tem todas as condições para se manter no cargo. «O primeiro-ministro foi escolhido em eleições (...). O problema político que está aqui em causa é que parte dos derrotados ainda não aceitou essa derrota. E usam todos os argumentos, incluindo a instrumentalizarão politica da Justiça», disse o ministro, justificando que o Governo quando entrou em funções em 2005 não mudou as administrações da Lusa e da RTP, o que criou uma «distância muito importante».

«Liberdade de expressão não está em causa»

«Não está em risco a liberdade de expressão em Portugal», começou por considerar Pacheco Pereira, que defendeu que o que há «é uma tentativa de condicionamento e manipulação dessa liberdade de expressão», o que significa que «no final, há menos liberdade».

O deputado do PSD lembra que as tentativas de manipulação da comunicação social ocorreram em ano eleitoral e em alturas em que o «PS e o primeiro-ministro estavam com dificuldades nas sondagens». Pacheco Pereira considerou que não devemos «misturar tudo no mesmo saco», alegando que há vários exemplos: «Uns democraticamente pouco normais, outros inaceitáveis numa democracia e outros com contornos de ilegalidade».

«A verdade é que de há um ano para cá vozes que eram muito incómodas e como tal foram identificadas pelo primeiro-ministro num congresso do Partido Socialista». O deputado afirmou que estas vozes foram silenciadas e que em todos os casos «há sempre uma relação» ao primeiro-ministro, ao seu gabinete ou ao PS.

Por seu lado, Augusto Santos Silva considerou que é «evidente que há liberdade de expressão em Portugal. Vê-se isso todos os dias. Está a ver-se isso hoje», disse, recusando que haja qualquer tentativa para acabar com essa liberdade da parte do Governo ou do Partido Socialista. O ministro recusou também que o fim do Jornal de Sexta, na TVI, a substituição de José Manuel Fernandes ou a não publicação da crónica de Mário Crespo tenham ocorrido devido a qualquer influência governamental. «Estes três factos, todos eles têm uma característica em comum. Nenhum deles tem nada a ver com decisões do Governo», disse.

Pacheco Pereira rebateu, considerando que existem muitos outros casos, e que entre estes, alguns são suportados por indícios e outros por factos. O deputado do PSD enumerou notícias para justificar o que se sabe «nesta altura», afirmações que Santos Silva recusou sempre, nomeadamente, a alegação de que o primeiro-ministro mentiu no Parlamento.
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