Este dia 8 de julho é duplamente simbólico: é o último debate desta legislatura, numa Assembleia da República de luto, no dia em que se realizou o funeral de Maria Barroso, considerada a "mãe do PS" e uma figura incontornável da política e da sociedade portuguesa.
O debate arranca às 15:00 e tem a duração prevista de 217 minutos, cerca de quatro horas. Discutir-se-á "política geral", com uma intervenção do primeiro-ministro sobre o Estado da Nação, "sujeito a perguntas dos grupos parlamentares, seguindo-se o debate generalizado que é encerrado pelo Governo", dita o regilmento.
Depois da intervenção inicial de Pedro Passos Coelho, que poderá durar até 40 minutos, os partidos terão direito a pedidos de esclarecimento e intervenções, pela seguinte ordem: PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE e PEV.
O primeiro-ministro manifestou já o desejo de que este debate - simultaneamente o último antes das férias parlamentares e o último da legislatura - seja diferente.
"Temo-nos habituado à cristalização das opiniões e de muitos argumentos. De certa maneira, por essa razão, muitas vezes estes debates parecem uma espécie de dejà vu, em que estamos sempre a repisar as mesmas coisas"
"Pode ser que amanhã seja diferente. E possamos falar da confiança que hoje temos quando olhamos para a Zona Euro, da confiança que temos quando olhamos para o nosso país".
As jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS-PP serviram fazer um balanço do que de "bom" foi feito nestes quatro anos de governo da coligação. E foi nelas que Passos Coelho deixou esse recado à oposição. Foi também nelas que fez um balanço: "Não desiludimos os portugueses".
A oposição discorda. O PS fez questão de realizar um périplo pelo país para recolher a opinião das pessoas e as suas preocupações sobre o Estado da Nação. Já prometeu denunciar o que diz serem os "sete pecados capitais" da governação de direita dos últimos quatro anos.
E António Costa insiste na sua alternativa: aumentar rendimentos, "a ponta do novelo" para relançar economia.
É expectável que a restante oposição recorde e enumere o que considera serem os 'erros' da austeridade imposta pela troika e pela equipa de Passos Coelho.
Previsível será, também, a Grécia entrar no debate. A Zona Euro está com Atenas por um fio. Já houve alguns desenvolvimentos, nomeadamente um pedido de resgate por três anos, mas ainda não é certo que a união monetária se mantenha intacta. Domingo é o deadline dado pelas instituições europeias a Alexis Tsipras.
Como foi o debate do ano passado
Realizou-se a 2 de julho e, na abertura, o primeiro-ministro propôs um compromisso nacional para o emprego e questionou o PS, na altura ainda liderado por António José Seguro, sobre a sua posição perante o tratado orçamental europeu.
Seguro acusou Passos de destruir três gerações em três anos de chefia governamental, advogando a ideia de que tudo começou a 21 de junho de 2011, com a tomada de posse do executivo PSD/CDS e com a opção "deliberada" por um "caminho de empobrecimento" .
A restante oposição foi também crítica para com o Governo.O PCP disse tínhamos de "recuar à II Guerra Mundial para ver este nível de recessão" . O Bloco de Esquerda assinalou que nunca se «pagou tanto para ter tão pouco do Estado» .
Em 2014, o Governo esteve representado no "Estado da Nação" também pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas - que encerrou o debate - e pelo ministro da Economia, António Pires de Lima, entre outros.